“Ajudo a minha mulher na cozinha e se estiver sozinho não morro de fome.” Em março de 2015, Luís Grilo dava uma entrevista ao jornal O Mirante, para a rubrica “Três Dimensões”. Grilo abriu as portas do seu escritório para falar da vida enquanto desportista, empresário e cidadão do concelho de Vila Franca de Xira. Três anos depois, o triatleta seria violentamente assassinado com um tiro na cabeça e o seu corpo, nu, abandonado na berma de um caminho de estrada em Avis. Os principais suspeitos do crime são a sua mulher e um homem com quem esta manteria uma relação próxima. Na entrevista, o engenheiro informático — que perdeu a vida aos 55 anos — fala do trabalho, do amor ao desporto e da relação com a mulher. Estas são as frases mais marcantes da entrevista.

Sobre o trabalho:

  • “Esta área da informática é um bocadinho inglória porque a evolução é constante. Estamos sempre numa corrida para a acompanhar. Sei que nunca voltaremos ao analógico, mas por vezes faz falta. No futuro não teremos memória, gravamos tudo em digital e não vemos nada.”
  • “Esqueço-me das horas quando estou a trabalhar. Gosto de pegar ao serviço sempre às 09h.”
  • “Por vezes fico com a sensação de que o sector empresarial é uma espécie de selva. Dou muito valor às pessoas de palavra. Sei que são cada vez menos mas sou um idealista. Faz falta haver mais gente assim. Faz-me muita confusão alguém dizer uma coisa hoje e amanhã já não ser assim.”

Sobre a política:

  • “Não gosto da maior parte dos políticos, mas não me digam que são todos iguais. Seja como for, acho que quem está no poleiro não tem qualquer valor nem ideal. Na juventude estive envolvido na política e vi logo que não podia continuar porque aquilo ia contra os meus valores. Vi os que continuavam, como continuavam e porque continuavam, e o que tinham de fazer para continuar na política.”
  • “Podemos ter aqui pessoas a nível local que vêm de outras áreas e fazem um bom trabalho, admito. Mas os políticos de carreira, que vivem agarrados à mama do Estado, não servem a ninguém.”
  • “Sou uma pessoa otimista, que acredita no mundo mas vejo o que me rodeia e o caminho das pedras em que andamos.” 

Triatleta assassinado. A relação secreta que acabou em crime

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Sobre o atletismo

  • “Comecei a praticar atletismo há quatro anos e estou viciado. Já participei em várias maratonas. Treino todos os dias entre uma hora e uma hora e um quarto. Aos domingos gosto de fazer umas corridas de manhã. Levo aquilo a sério. É uma questão de superação pessoal e de alcançar os objetivos a que me proponho.”
  • “Esta atividade obriga-nos a uma grande preparação porque o desgaste é enorme. O meu escape é tirar todos os dias uma hora para correr. Em termos de distância já fiz uma prova de 55 quilómetros e ando agora a pensar entrar no triatlo, já ando a aprender natação.”
  • Não corro para as medalhas, corro para melhorar a minha capacidade de sacrifício e bem-estar pessoal. Quando atingimos objetivos na corrida conseguimos transmitir isso no trabalho. Faz com que pensemos que não há impossíveis.”

Sobre a mulher

  • “Ajudo a minha mulher na cozinha e se estiver sozinho não morro de fome. Mas tem dias.”
  • Estamos um com o outro 24 horas por dia porque trabalhamos juntos e para que as coisas corram bem temos áreas bem definidas nas responsabilidades da empresa.Em casa não luto com ela pelo comando da televisão.”

Se a mãe tiver assassinado o pai, o que acontece ao filho?

Sobre a vida:

  • “Para mim o trabalho é uma parte importante mas não é tudo. O mais importante para mim na vida além de correr é a família e o meu filho. Espero poder vir a dar-lhe ferramentas para ele ter um bom futuro.”