Cerca de 380.000 migrantes, a maior parte da República Democrática do Congo (RDCongo), deixaram Angola em menos de um mês no âmbito da operação “Transparência” de luta contra tráfico de diamantes, revelou o Governo angolano.

Numa visita a Dundo, no norte de Angola, fronteira com a RDCongo, o ministro de Estado e Chefe da Casa de Segurança da Presidência da República de Angola, Pedro Sebastião, afirmou que os migrantes saíram voluntariamente do país.

O ministro indicou aos jornalistas que, durante a operação “Transparência”, diamantes no valor de um milhão de dólares foram confiscados, 231 locais destinados ao comércio ilegal de diamantes foram fechados e foram apreendidas 59 armas.

“É preciso deixar claro que a operação ‘Transparência’ não se baseia em sentimentos xenófobos contra cidadãos de países vizinhos ou de outras nacionalidades”, notou Pedro Sebastião.

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Nos últimos dias, muitos congoleses acusaram as autoridades angolanas de brutalidade nas expulsões de Angola e o Governo da RDCongo manifestou “toda a indignação e o vivo protesto” ao Executivo angolano, não só pela violência como pela “perda de vidas humanas”.

Na semana passada, a ONU expressou preocupação sobre a alegada saída forçada de Angola de centenas de milhares de cidadãos da vizinha RDCongo nas últimas semanas, admitindo que a situação pode gerar uma crise humana, situação negada, entretanto, pelas autoridades policiais angolanas.

Em 17 deste mês, a polícia angolana anunciou que, desde o início da operação, já 261.713 cidadãos estrangeiros em condição irregular, maioritariamente cidadãos da RDCongo, “abandonaram voluntariamente” Angola.

O comandante-geral da Polícia Nacional angolana, Paulo de Almeida, negou as informações sobre alegadas mortes de cidadãos da RDCongo, considerando-as “especulações” que “têm como objetivo travar a operação e ação das autoridades” de Angola.

“Não devemos estar preocupados com essas informações, que têm sempre uma visão de impedir e dificultar aquilo que nós queremos para o bem do país”, disse Paulo de Almeida, garantindo que a operação “vai continuar” e que as autoridades se mantêm “firmes e disciplinadas”.