Cientistas encontraram até nove tipos de plástico diferentes nas fezes de cada pessoa que fez parte de um estudo-piloto a nível europeu. O estudo foi apresentado em Viena, na Semana da UEG – Comunidade Europeia de Gastroenterologia, o maior encontro de especialistas gastroenterologia nesta área na Europa.

Os investigadores encontraram, em média, 20 partículas de microplástico em cada 10 gramas de fezes, sugerindo que todos consumimos diariamente plástico na comida. As partículas têm entre 50 e 500 micrómetros, sendo que a maior parte corresponde a macromoléculas que se usam para produzir plástico, silicone ou borrachas sintéticas.

Na semana antes dos testes, todos os participantes afirmaram terem estado expostos ao plástico, tanto por consumirem comida embalada como por beberem líquidos de garrafas de plástico.

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Contudo, ter vestígios de plástico nos intestinos não é algo para ser levado de ânimo leve: especialistas acreditam que o sistema imunitário pode ser enfraquecido, levando à transmissão de toxinas e vírus malignos mais facilmente.

Philipp Schwabi, doutor e responsável pela investigação, da Universidade de Medicina de Viena, em Áustria, disse que esta é a principal preocupação da equipa, especialmente no que diz respeito aos pacientes com doenças gastrointestinais.

Enquanto as maiores concentrações de plástico em estudos com animais se encontraram nos intestinos, as partículas de microplástico mais pequenas podem entrar na corrente sanguínea, no sistema linfático e podem até chegar ao fígado. Agora que temos evidências de microplásticos dentro dos seres humanos, precisamos de aprofundar a pesquisa para perceber o que é que isto significa para a saúde humana”, reiterou Philipp Schwabi.

O estudo-piloto recrutou oito participantes do Reino Unido, da Finlândia, da Itália, da Holanda, da Polónia, da Rússia e da Áustria. Nenhum deles era vegetariano e seis comeram peixe durante essa semana.

É estimado que até 5% de todos os plásticos produzidos acabem no mar. Uma vez nos oceanos, o plástico é consumido por animais marinhos e acaba por alterar a cadeia alimentar, sendo que já foram encontradas quantidades significativas de plástico em peixes como o atum, a lagosta e o camarão.

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A comida, por sua vez, é igualmente contaminada com plástico, por vir, maioritariamente, embalada nesse material para os supermercados e ser assim vendida. Já existem estudos que alertam para o vestígio de plástico nos alimentos que consumimos todos os dias; mas para isso também há alternativas.

Alistair Boxall, especialista na área do Ambiente e professor na Universidade de York, afirma não estar surpreendido com as conclusões do estudo-piloto, uma vez que já foram encontrados microplásticos na água da torneira, na cerveja e em diversos peixes, e acrescenta que mesmo em casa estamos expostos a estas partículas através do pó que se acumula e em todos os alimentos que consumimos no dia-a-dia, sendo inevitável, segundo o especialista, que pelo menos algumas destas partículas vão para os nossos pulmões e para o nosso sistema digestivo.