Uma parceria estabelecida entre Moçambique e o Brasil vai permitir que a Sociedade Moçambicana de Medicamentos (SMM) aumento para o dobro a produção de medicamentos a partir de 2019, anunciou esta quinta-feira o governo brasileiro, em comunicado.

Atualmente, a fábrica produz cinco tipos de fármacos diferentes que auxiliam no tratamento de doenças como diabetes, hipertensão, doenças mentais e inflamações.

De acordo com o diretor da SMM, Evaristo Madime, outros cinco remédios poderão também ser fabricados, caso os governos dos dois países alcancem outros tipos de parcerias estratégicas para alargar o portfólio da Sociedade Moçambicana de Medicamentos.

“O primeiro foco é a produção de medicamentos para o Serviço Nacional de Saúde, ou seja, medicamento hospitalar. Todavia, pouco a pouco, nós estamos a entrar com medicamentos para o setor privado, seja para as farmácias e também distribuição pelas clínicas de serviço privado de saúde”, afirma.

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Através do acordo entre os dois países, o Brasil levou para Moçambique a experiência do Sistema Único de Saúde (SUS) e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), ainda de acordo com o comunicado.

“Em capacitação técnica ninguém aqui sabia produzir medicamentos e quinta-feira já podemos dizer, com muito orgulho, que temos técnicos moçambicanos que sabem produzir medicamentos, que sabem gerir todo o processo para produzir medicamentos. Nós alcançamos mais de 30 mil horas de aulas de capacitação de pessoas ao longo desses anos”, diz Evaristo Madime.

Este é o mais longo projeto de cooperação do governo brasileiro em África, e o mais caro, com custo estimado de 40 milhões de reais (cerca de 945 mil euros), segundo o site de notícias G1.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi um entusiasta do projeto, onde procurou estabelecer com esta parceria uma nova política externa, orientada para o aumento das relações Sul-Sul, entre o Brasil e África.

Tendo sido iniciada em 2003, a cooperação entre o Brasil e Moçambique foi motivada pela elevada taxa do vírus HIV/Aids (vírus da Sida) entre a população moçambicana, mas a iniciativa acabou por passar por uma transformação radical. Em vez medicamentos para o combate à sida, a fábrica investiu com maior incidência em paracetamol, um analgésico usado contra dor de cabeça e cólicas.

O mais recente acordo realizado entre a Sociedade Moçambicana de Medicamentos e o governo brasileiro estabeleceu o fornecimento de 150 milhões de comprimidos de paracetamol.