West Ham, Cardiff, Newcastle, Vorskla Poltava, Everton, Brentford, Watford, Qarabag, Fulham, Leicester. Unai Emery não teve propriamente o início mais apetecível de uma nova era no Arsenal, depois de mais duas décadas com Arsène Wenger, com uma derrota na receção ao Manchester City e outro desaire em Stamford Bridge com o Chelsea, mas daí para cá somara dez vitórias consecutivas entre Premier League, Taça da Liga e Liga Europa. “Recuperou” Özil, potenciou o poderio ofensivo de Aubameyang e Lacazette, estabilizou uma defesa que andou em areias movediças durante épocas a fio. Tão ou mais importante que isso, foi conseguindo enraizar uma identidade de jogo que permite movimentos coletivos fantásticos e que merecem destaque em toda a imprensa europeia, como aconteceu no terceiro golo frente ao Leicester apontado por Aubameyang.
Arsenal's third goal against Leicester City pic.twitter.com/MTfbmAdaCg
— Aminu Lame (@Lamesco) October 23, 2018
Era este o adversário que o Sporting tinha pela frente. Era este o adversário que transformava deste encontro um possível duelo de Champions na Liga Europa. Era este o adversário que levava a Alvalade a melhor assistência da temporada. No meio de tudo isto, era este o adversário que mostrava também o momento que o clube verde e branco atravessa.
https://observador.pt/2018/10/25/sporting-arsenal-leoes-e-gunners-disputam-primeiro-lugar-do-grupo-e-da-liga-europa/
Não há nenhum adepto que vá ao estádio ver a sua equipa e não tenha sempre a esperança, por maior ou menor que possa ser, na vitória. E é assim em qualquer lado, com qualquer clube. No entanto, um zapping pelos canais de informação mostrava outras coisas que só em Alvalade se poderiam ouvir. “Apesar de tudo, o mais importante é estarmos todos juntos e apoiarmos depois de tudo o que estes jogadores passaram”, “A equipa não está a jogar bem mas acredito”, “Acho que o Arsenal vai ganhar mas acredito na surpresa”. Este é o estado atual do Sporting: grau de previsibilidade zero em relação ao que a equipa pode fazer, grau de previsibilidade de -10 em relação ao resultado. E ainda houve o episódio dos assobios no encontro com o Loures.
Ficha de jogo
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Sporting-Arsenal, 0-1
3.ª jornada do grupo E da Liga Europa
Estádio José Alvalade, em Lisboa
Árbitro: Damir Skomina (Eslovénia)
Sporting: Renan Ribeiro; Ristovski (Bruno Gaspar, 45′), Coates, André Pinto, Acuña; Petrovic, Gudelj (Jovane Cabral, 71′), Battaglia, Bruno Fernandes; Nani (Diaby, 86′) e Montero
Suplentes não utilizados: Salin, Mathieu, Miguel Luís e Carlos Mané
Treinador: José Peseiro
Arsenal: Leno; Lichtsteiner, Sokratis, Holding, Xhaka; Elneny (Torreira, 58′), Guendouzi, Ramsey; Mkhitaryan, Aubameyang (Iwobi 86′) e Welbeck (Lacazette, 81′)
Suplentes não utilizados: Martínez, Mustafi, Jenkinson e Özil
Treinador: Unai Emery
Golo: Welbeck (78′)
Ação disciplinar: cartão amarelo a Acuña (39′), Holding (46′), Mkhitaryan (50′), Coates (71′) Jovane Cabral (90+3′) e Battaglia (90+5′)
Peseiro sabe bem em que condições chegou a Alvalade e sabe ainda melhor em que contexto se encontra agora. No entanto, tem um mérito: não toma decisões para a bancada, não se esconde nas visíveis limitações que poderia alegar e assume as opções que entende serem necessárias para cada um dos encontros em causa. Com o Arsenal, voltou a ser assim e, entre as duas principais novidades, até conseguiu ter relativo sucesso – Renan, que não tinha feito propriamente uma grande apresentação na baliza com Portimonense e Loures, foi o melhor elemento leonino sobretudo na segunda parte; Petrovic, dentro das limitações que são por demais reconhecidas, ainda conseguiu dar algum equilíbrio nas transições defensivas (e não mais do que isso porque o grande problema é não ter a necessária capacidade para construir na primeira fase). O pior foi o resto.
As zonas altas de pressão em alguns momentos do jogo funcionaram, assim como aquela característica “enganadora” de dar bola ao Arsenal (sem alguns habituais titulares, o que não se sente pela qualidade do plantel de Unai Emery) em zonas longínuas da área para procurar o erro e arriscar situações de igualdade numérica frente a centrais que não são propriamente os mais rápidos do mundo. Acuña, a fazer o corredor esquerdo de alto a baixo em piscinas constantes, estava inspirado e permitia os movimentos interiores de Bruno Fernandes, o que dava outra qualidade nessas aproximações, mas muitos cantos e alguns remates criaram zero perigo. Aliás, houve apenas um remate com perigo-mesmo-perigo, quando Nani – que tinha um histórico muito positivo em confrontos diante dos londrinos, com sete vitórias em nove jogos e dois golos – atirou a rasar a trave após um lance originado por um mau passe da defesa inglesa na saída de bola. Do lado dos londrinos, Mkhitaryan, de livre direto, teve o único lance incómodo para os visitados para Renan afastou para o lado.
Ainda antes do intervalo, o Sporting sofreu um revés com a lesão de Ristovski (entrou Bruno Gaspar, que ficaria em aquecimento durante o descanso) mas, no final dos 45 minutos iniciais, merecia nota positiva: estava a ser mais agressivo nas segundas bolas, conseguia mais vezes desposicionar a defesa adversária do que o contrário, contava com os remates mais perigosos e podia ainda queixar-se de um lance polémico aos 32′, quando Montero ganhou a frente a Sokratis, foi claramente agarrado pelo grego mas o experiente Damir Skomina deixou seguir – e dificilmente poderia escapar do cartão vermelho (houve ainda um outro lance em que Nani caiu na área, neste caso sem que se percebesse ao certo se houve alguma infração).
⏰ 45’ | ???????? Sporting 0-0 Arsenal ????????????????????????????????????????????????????
Nulo premeia estratégia leonina de reforço do "miolo"#UEL #SCPARS #DiaDeSporting pic.twitter.com/lxarmEJ3cx
— GoalPoint (@_Goalpoint) October 25, 2018
Na segunda parte, tudo mudou. O que eram becos sem saída nas incursões do Arsenal transformaram-se em vielas, as vielas transformaram-se em vias rápidas, as vias rápidas transformaram-se em autoestradas. O reposicionamento que Unai Emery fez ao intervalo, permitindo tomar conta do meio-campo e descobrir os espaços que tinham escasseado na primeira metade, virou o encontro. E tem muito mérito por isso. Mas houve em paralelo demérito do Sporting, que transformou a atitude de não ter medo de perder num posicionamento de receio de sofrer. E isso é meio caminho para a derrota.
Aubameyang, aos 48′, deixou o primeiro aviso com um remate na área demasiado descaído na direita para defesa de Renan para canto; dois minutos depois, a mota gabonesa que há não muito tempo tinha provocado um despiste dos leões na Champions com o B. Dortmund embalou lançado em profundidade, surgiu isolado 1×1 frente ao guarda-redes mas o brasileiro esperou até ao último instante para travar com a mão bem no alto a tentativa de chapéu. Dois abanões foram como que um furacão na forma como o conjunto verde e branco abordava o encontro e, aos 53′, o calcanhar de André Pinto foi providencial ao desviar para canto um remate de Welbeck após cruzamento da esquerda que levava a direção certa das redes leoninas.
⏰ 51’ | ???????? Sporting 0-0 Arsenal ????????????????????????????
E num instante Renan já soma 4️⃣ defesas ????
Leno (Arsenal) ainda não foi obrigado a qualquer parada#UEL #SCPARS #DiaDeSporting pic.twitter.com/l9CzS5Roay— GoalPoint (@_Goalpoint) October 25, 2018
O Sporting nunca teve propriamente muitas ideias soltas a não ser uma ideia de jogo muito concreta que resultou durante 45 minutos. Com a notória quebra física, nem isso – passou a ser um deserto autêntico. Ao ponto de, a meio da segunda parte, já depois de um golo anulado a Welbeck por falta nas costas sobre Bruno Gaspar, haver um lance em que o Arsenal estava em posse na primeira fase de construção com dez jogadores verde e brancos do meio do meio-campo defensivo para trás. Sintomático do que se poderia esperar até ao final. Jovane Cabral rendeu Gudelj aos 71′ mas o “mal” já estava feito. E Torreia, no minuto seguinte, não marcou de livre direto porque Renan voltou a brilhar com uma defesa para o lado a afastar o perigo.
Aquilo que os leões tinham conseguido equilibrar estava totalmente desequilibrado mas teve de haver um erro individual (e injusto, tendo em conta o jogador em causa e o que fizera antes) para desbloquear o marcador: Torreira colocou longo no corredor central em Aubameyang, o gabonês tentou ainda dar de calcanhar na bola, Coates falhou a interceção e Welbeck, isolado, partiu decidido para a baliza e apontou o único golo do encontro (78′).
Liga Europa | @Sporting_CP x @Arsenal | 0-1 |
⚽ @DannyWelbeck 77' | Remate forte e colocado do avançado inglês a dar vantagem aos gunners em Alvalade. #sporttv #insubstituivel #fomedebola #EuropaLeague #UEL
11 Ligas | 7 Taças | 2.000 jogos | Mais de 55.000 horas de desporto pic.twitter.com/Ry998Mv0Wz
— sport tv (@sporttvportugal) October 25, 2018
Ainda houve um lance que deixou muitos protestos pelos dois bancos: por um lado, na sequência de um canto, ficou a sensação de que Coates podia ter sido agarrado à margem das leis por Lichtsteiner; por outro, uns segundos depois, o uruguaio encostou a cabeça no suíço que caiu, ficando os restantes companheiros que estavam por ali mais perto a tentar reagir ao sucedido. Um final com algumas quezílias num encontro marcado pela correção. Em alguns momentos, até demais. E foi esse excessivo respeito que encurtou o Sporting com o passar dos minutos, em metros e em mentalidade.
No final, os adeptos dividiam-se. Alguns apontavam o foco a José Peseiro, o principal culpado desse futebol curto, com pouca arte e ainda menos resultados esta noite; outros, tinham palavras de resignação e esperança entre um último “Sporting até morrer” (entre alguns excessos de linguagem com os canais em direto). Nem mais nem menos, este é o Sporting atual no que toca ao futebol: imprevisível mas à espera do pior, a ameaçar mostrar-se antes de se preferir esconder, com alguns e esporádicos rasgos de luz de jogadores que são de facto mais valias em qualquer equipa mas quase que a puxar a trovoada, como acontecera já nos últimos minutos com o Loures. Olhando meramente para o valor dos dois conjuntos e para o contexto em que cada uma se encontra, o triunfo do Arsenal com o Sporting deveria ser tomado como algo “natural”; no entanto, e quando se juntam os capítulos anteriores na época, a história é outra. E quando se termina um jogo com 15 remates tentados e zero enquadrados, a dependência do máximo goleador torna-se mais do que evidente.
⚽ ???????? Sporting ???? Arsenal ????????????????????????????????????????????????????
Eficácia nula do "leão" dita primeira derrota na prova
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