O ex-candidato à presidência do Brasil, Fernando Haddad, foi acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Segundo a Folha de São Paulo, o petista é suspeito de ter recebido 2,6 milhões de reais (600 mil euros) da UTC, uma empresa brasileira de engenharia, para pagar despesas relativas à campanha de candidatura de Haddad à prefeitura de São Paulo em 2012. O antigo candidato presidencial negou as acusações, que considerou infundadas.

A acusação do Ministério Público tem por base, de acordo com a Folha de São Paulo, as delações de Ricardo Pessoa e Walmir Pinheiro, da UTC, e de Alberto Youseff, empresário e falsificador de dinheiro brasileiro que ficou conhecido depois do escândalo do Banestado, revelado em 2003.

A estas veio juntar-se as investigações da Polícia Federal sobre as suspeitas de lavagem de dinheiro na campanha de Haddad à prefeitura, que revelaram que o antigo tesoureiro do PT, João Vaccari, se reuniu com Ricardo Pessoa em 2013 para pedir dinheiro, em nome de Haddad, para pagar as dívidas feitas durante a campanha do ano anterior.

Dos 3 milhões de reais (700 mil euros) que pediu à UTC, Vaccari terá recebido 2,6 milhões que terão sido pagos por meio de um esquema de lavagem de dinheiro em gráficas controladas por Francisco Carlos de Souza, o ex-deputado estadual do PT conhecido por “Chicão Gordo”, explica a Folha de São Paulo.

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Haddad diz que acusação foi feita “sem provas”

Em comunicado, o gabinete de comunicação de Fernando Haddad negou as acusações, afirmando que “a denúncia é mais uma tentativa de reciclar a já conhecida e descredibilizada delação de Ricardo Pessoa”. Segundo a assessoria do ex-candidato presidencial, que nunca tinha sido constituído réu, o Ministério Público brasileiro fez “uma denúncia de corrupção e uma de improbidade”, “sem provas”, partindo da “desgastada palavra de Ricardo Pessoa, que teve [os] seus interesses contrariados pelo então prefeito Fernando Haddad”. “Trata-se de abuso que será levado aos tribunais”, refere a nota.

O advogado de João Vaccari, Luiz Flávio Borges D’Urso, disse à Folha de São Paulo que o antigo tesoureiro do PT nunca trabalhou para a campanha de Haddad e que “nunca solicitou qualquer recurso” para a mesma. “Vaccari foi tesoureiro do partido e dessa forma solicitava doações legais somente para o partido, as quais eram realizadas por depósito em conta bancária do partido, com recibo e com prestação de contas às autoridades”, explicou o advogado, frisando que “quem o acusa é um delator que nada prova, falando mentiras para obter diminuição de pena”.

A defesa de Alberto Youssef  recusou-se a comentar o caso, refere o mesmo jornal.