“Não serei exemplo para ninguém, mas não desisto de insistir na minha ‘exortação’.” A insistência é do ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, o tema é o mesmo que o colocou no centro da polémica nas últimas semanas: a sua sugestão de que as famílias olhem para a potência energética que têm contratada em casa e a reduzam para poderem assim pagar menos IVA — uma possibilidade prevista no Orçamento do Estado para o próximo ano, que inclui uma proposta de redução desse imposto para as potências abaixo de 3,46 kVA.
Em artigo de opinião assinado no Público esta quarta-feira, João Matos Fernandes volta a insistir no assunto. E revela até a potência que ele próprio usa.
“A potência contratada de minha casa é de 3,45 kVA (escrevo isto porque muitos quiseram saber qual seria, insinuando que sugeri que outros fizessem o que eu não faço). Não serei exemplo para ninguém, cada um fará a sua opção, mas não desisto de insistir na minha “exortação””, escreveu.
Para sustentar a sua posição, o ministro do Ambiente volta a recorrer ao exemplo de uma casa com quatro pessoas, depois de inicialmente ter usado esse mesmo caso com algumas incorreções que acabou por retificar pouco depois. “O exemplo de então (uma casa com quatro pessoas), estando longe de ser inverosímil, foi pouco fundamentado e emendei-o”, reconhece. E é com esse exemplo que volta a defender a sua argumentação, convicto de que “a grande maioria dos portugueses não sabe qual a potência contratada que tem em casa. E a que tem, as mais das vezes, não corresponde a uma escolha informada mas a uma decisão do comercializador de energia elétrica. É normal que assim seja, não é bom que seja assim”, diz.
É aqui que entra, de novo, a “exortação”: “saibam qual a potência contratada que têm em casa, avaliem se se ajuste ao perfil de consumo dos vossos, e façam a gestão mais inteligente da disponibilidade elétrica que contratarem”. Mesmo que, relembra, o preço da energia vá baixar no próximo ano, informação a que junta alguma picardia com o último Executivo. “Para o ano o preço da energia vai baixar, muito para além daquela que vier a ser a decisão do Parlamento sobre o IVA. No legado do anterior governo está escrito que a energia elétrica deveria aumentar a cada ano 1,5% a 2% acima da inflação. Este ano baixou 0,2% e em 2019 baixará 3,5%”, escreveu.
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