O empréstimo concedido pela Caixa Geral de Depósitos (CGD) ao grupo económico de Joe Bernardo para a compra de ações do Millennium BCP em 2007 é um dos créditos de alto risco que consta na auditoria forense que o governo promoveu aos atos de gestão do banco estatal entre 2000 e 2015, avança o Correio da Manhã. 

No relatório desta auditoria, que a CGD já entregou ao Ministério Público (MP), revela-se que o grupo tem um dívida de cerca de 280 milhões de euros à Caixa. O grupo do empresário madeirense Joe Berardo é um dos maiores devedores da Caixa e este crédito integra a lista de várias dezenas de créditos de alto risco concedidos pelo bancos a clientes, desrespeitando os próprios regulamentos internos do banco.

Segundo o mesmo jornal, na altura dos factos os responsáveis pela concessão do crédito não terão avaliado com o devido rigor o risco de incumprimento nem terão pedido garantias adequadas ao pagamento do mesmo. A CGD ficou apenas com as ações do BCP como garantia do crédito.

Na altura, Carlos Sousa Ferreira era presidente do Banco e Maldonado Gonelha vice-presidente.  As garantias adicionais só viriam a ser pedidas depois na presidência de Faria de Oliveira, entre 2008 e 2011. Nesse altura Joe Berardo deu parte da sua coleção de arte moderna como garantia adicional.

Os créditos de alto risco da CGD estão a ser investigados desde 2016 e a existência desta investigação só ficou conhecida através de um ofício enviado pelo gabinete da ex-procuradora-geral da República, Joana Marques Vidal, à comissão parlamentar de inquérito sobre recapitalização e gestão do banco. A comissão presidida pelo deputado social-democrata Emídio Guerreiro decorreu entre 5 de julho de 2006 e 18 de julho de 2017. Na altura, a CGD recusou enviar uma série de documentos evocando sigilo bancário.

O grupo de Joe Berardo tem ainda dívidas ao BCP e ao Novo Banco (dívida herdada pelo BES aquando da sua divisão em Novo Banco e BES “mau”).

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