A administradora do Centro Hospitalar do Algarve disse esta terça-feira temer que dentro de 20 anos não haja profissionais no Serviço Nacional de Saúde caso não sejam criadas condições atrativas, realçando o défice de médicos nos serviços que gere.

“Se não criarmos condições atrativas, daqui a 20 anos não teremos ninguém no SNS”, afirmou a presidente da administração do Centro Hospitalar Universitário do Algarve, Ana Paula Gonçalves.

Num debate que antecedeu a cerimónia de entrega de prémios de desempenho aos hospitais do SNS, a administradora admitiu a escassez de recursos humanos no Centro Hospitalar do Algarve, destacando que o rácio de médicos se situa nos 0,39 profissionais por cama.

“É naturalmente muito escasso. Os centros de administração reconhecem que no Algarve há claramente falta de médicos especialistas”, afirmou Ana Paula Gonçalves.

A falta de médicos é transversal a quase todas as especialidades, disse a responsável, havendo ainda escassez no caso dos enfermeiros e nos assistentes operacionais.

No caso concreto dos assistentes, a administradora lamenta a dificuldade em atrair gente com “os salários mínimos que pagamos”.

A administradora sublinha que as equipas são muito motivadas, mas que vivem em sobrecarga.

O bastonário da Ordem dos Médicos (OM) corrobora a falta de recursos humanos no Algarve e dá o exemplo da cirurgia pediátrica que tem apenas um especialista.

“Isto não chega. Se uma criança tiver que fazer uma intervenção mais complicada tem de vir para Lisboa”, exemplificou Miguel Guimarães, em declarações aos jornalistas à margem do debate promovido esta terça-feira pela consultora multinacional IASIST.

O bastonário da OM frisou que “a medicina privada é muito concorrencial com a pública no Algarve”, além de ter uma “situação única, porque tem uma população muito variável”.

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