888kWh poupados com a
i

A opção Dark Mode permite-lhe poupar até 30% de bateria.

Reduza a sua pegada ecológica.
Saiba mais

De um emprego de 25 anos numa multinacional para a calma da Peneda-Gerês: assim nasceu a Penedino

Este artigo tem mais de 5 anos

Bernardino Ramires deixou o emprego numa multinacional da área da saúde, onde esteve 25 anos, para criar a Penedino, um projeto na Peneda-Gerês que quer mostrar o mundo da população que ali vive.

A ideia da Penedino começou quando Bernardino Ramires comprou a primeira casa devoluta na Peneda-Gerês
i

A ideia da Penedino começou quando Bernardino Ramires comprou a primeira casa devoluta na Peneda-Gerês

A ideia da Penedino começou quando Bernardino Ramires comprou a primeira casa devoluta na Peneda-Gerês

Desde 2006 que Bernardino Ramires anda num “lá para cá” entre Braga e a Serra da Peneda-Gerês. Começou por fazer estes mais de 100 quilómetros de viagem ocasionalmente mas, nos últimos anos, o percurso tornou-se mais comum. Quando se junta com o Observador para uma conversa, há uma frase que repete várias vezes: “Nunca é tarde para começar de novo”. E Bernardino levou o mote a sério. Deixou o emprego estável que manteve durante 25 anos numa multinacional na área da saúde para mudar de ritmo, estando agora na Peneda-Gerês prestes a arrancar com um negócio de turismo rural para explorar a Gavieira. Tudo porque sentiu que “a vida na cidade é desgastante” e que precisava de mudar.

Na sua infância, a serra da Peneda fez parte dos roteiros escolares e sempre deixou memórias no empreendedor. “Lembro-me da Senhora da Peneda em concreto, porque é um lugar que nos deixa muitas memórias, para além do aspeto arquitetónico do monumento. Aquela imagem está comigo desde criança”, conta ao Observador. Foi a partir destas recordações e da vontade em querer transmiti-las aos de fora que nasceu o projeto da Penedino, um negócio de turismo rural que Bernardino criou do zero e contém componentes como trilhos e até uma forma de localizar os animais, que serve essencialmente para os criadores locais, que serve essencialmente para os criadores locais mas também para programas e experiências dos turistas no contacto com os animais em regime livre de pastagem.

“As pessoas ficam cansadas de uma certa rotina profissional e procuram novos caminhos, e a natureza vem ao encontro daquilo que são as minhas origens, da ruralidade onde nasci e cresci”, explicou Bernardino Ramires, acrescentando que o projeto que vai agora inaugurar na Peneda, no início de dezembro, não foi uma ideia que surgiu logo no início, mas sim quando percebeu o cenário de “falta de oferta” que existia naquela zona e a necessidade de dar a conhecer o que ele próprio encontrou em pequeno, mas sem tirar a sua essência. A mudança, explicou ao Observador, “implica ritmos muito acelerados”. “Quando tens uma vida preenchida, repensas um pouco em tudo o que queres fazer até ao fim”.

Foi em 2006 que Bernardino decidiu comprar a primeira das quatro casas devolutas que recuperou na Gavieira. Na altura, o objetivo era diferente: “A ideia era ser o meu canto para estudar, para fazer trabalhos relacionados com a responsabilidade que tinha nesta multinacional”, conta. Só que os planos mudaram e “pouco a pouco a ideia de mudar de vida, de criar um projeto novo na Peneda foi tomando forma”, explicou. Depois de ter “andado a namorar a empresa onde estava para sair e seguir” a sua ideia, Bernardino seguiu em frente.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Durante um fim-de-semana, acompanhado da mulher e dos filhos, conheceu alguém que lhe vendeu a primeira casa e que acabou por introduzi-lo na vida e no quotidiano da Peneda-Gerês. Decidiu reabilitar a habitação, mesmo junto ao rio, onde “não existia nada”. A reabilitação, conta Bernardino, foi feita com materiais locais e com o objetivo de manter as características originais das casas, para “dinamizar a ideia da utilização e aproveitamento de novos materiais enquadrados naquilo que é a identidade das terras e das gentes”. Por noite, o preço de estadia nestas casas varia entre os 100 os 200 euros. ”

A própria população local contribuiu para o projeto e, apesar da estranheza inicial, acompanhou o percurso: “O telhado, por exemplo, é feito por um local que tem muita experiência em carpintaria, o senhor Agostinho. É um homem com 66 anos que trabalha a madeira como um pintor trabalha uma tela”, refere. Na Gavieira, conta, ficou conhecido como o “Doutor do Porto” e procurou sempre dar preferência aos locais nas construções. “Acabei por ter uma relação natural e boa com eles”, referiu. Uma das componentes que Bernardino quis dar a conhecer, especialmente através dos trilhos organizados, foi a história e costumes antigos da população que, “muitas vezes não passam para os livros”. E acrescenta que há quem lhe diga: “Quem me dera que viessem mais pessoas como o senhor, senão isto morre”.

“As pessoas precisam de parar, de voltar às origens”

O negócio da Penedino está dividido em quatro componentes: alojamento local — com o material original de construção das casas–, uma loja de produtos da Peneda-Gerês — como o vinho verde e os doces da região –, a organização de trilhos pedestres na região, desde o Trilho da Peneda ao Trilho das Brandas da Gavieira e, por fim, um sistema de geolocalização dos animais. Esta última componente consiste num detetor que é colocado numa coleira dos animais e que permite fazer o tracking das suas últimas 24 horas, acompanhando os seus movimentos e permitindo garantir que o animal está bem em todos os momentos. Serve, essencialmente, para os criadores da região.

Este é também um produto pensado para dar resposta aos criadores de gado, porque muitas vezes o gado anda solto nos chamados baldios. Principalmente no Inverno, é muito duro visitar os animais e saber se eles estão bem. E estes dispositivos de geolocalização eletrónica de animais permitem, em tempo real, visualizar os animais, as vacas, os cavalos, os póneis e saber também se eles estão em boas condições de saúde”, explica Bernardino Ramires.

O caminho para chegar à criação do negócio, conta o empreendedor, foi como “entrar num comboio que já estava a passar”, tendo em conta as oportunidades de criação de negócios de turismo rural que têm surgido no país. Inicialmente, a empresa terá apenas Bernardino — que investiu entre 300 e 400 mil euros do seu próprio bolso –, mas o objetivo é crescer e contratar mais pessoas para fazer a gestão quotidiana do local. “Gavieira é uma freguesia pequena, tem cerca de 300 votantes e eu espero que com esta iniciativa empresarial vá criar riqueza, vá criar trabalho”, explica, acrescentando que não recorreu a nenhum apoio, para já, mas que contou com a ajuda da Incubadora de Arcos de Valdevez – Incubo –, no sentido de aprender mais sobre os passos a dar, e com o apoio da Junta de Freguesia da Gavieira.

Quando chegou à Peneda, Bernardino encontrou a estranheza da população, mas nunca uma falta de recetividade. O seu objetivo, refere, é “fazer com que os visitantes fiquem com excelentes recordações e repitam a experiência. Que não seja aquela ida fugaz em que se visita e vai-se embora. É preciso ir e voltar a experienciar”.

O meu foco é colocar em marcha uma ideia que vá fazer as pessoas felizes, que as pessoas sintam vontade de viver a natureza, que saiam desta rotina, da azafama citadina, de acordar, entrar numa fila e sabe-se lá a que horas se chega ao trabalho, telefone a toda a hora, a todo o momento. As pessoas precisam de parar, de voltar às origens, mesmo que seja por poucos períodos. É preciso parar para viver, mesmo que sejam dois dias, uma vez por mês.”, refere o responsável pela Penedino.

Bernardino admite que não está no negócio puramente “para ganhar dinheiro”, apesar de saber que esse é o objetivo de quem cria um projeto com fins financeiros: “O negócio está a acontecer, estou a fazer investimentos com paixão. Agora é um investimento, é a semente, e na agricultura sabemos que temos de semear e esperar resultados, eu tenho a certeza que vou ter resultados”.

(Texto editado por Ana Pimentel)

(notícia atualizada no dia 5 de novembro às 11h30 com a correção dos preços do alojamento)

Ofereça este artigo a um amigo

Enquanto assinante, tem para partilhar este mês.

A enviar artigo...

Artigo oferecido com sucesso

Ainda tem para partilhar este mês.

O seu amigo vai receber, nos próximos minutos, um e-mail com uma ligação para ler este artigo gratuitamente.

Ofereça até artigos por mês ao ser assinante do Observador

Partilhe os seus artigos preferidos com os seus amigos.
Quem recebe só precisa de iniciar a sessão na conta Observador e poderá ler o artigo, mesmo que não seja assinante.

Este artigo foi-lhe oferecido pelo nosso assinante . Assine o Observador hoje, e tenha acesso ilimitado a todo o nosso conteúdo. Veja aqui as suas opções.

Atingiu o limite de artigos que pode oferecer

Já ofereceu artigos este mês.
A partir de 1 de poderá oferecer mais artigos aos seus amigos.

Aconteceu um erro

Por favor tente mais tarde.

Atenção

Para ler este artigo grátis, registe-se gratuitamente no Observador com o mesmo email com o qual recebeu esta oferta.

Caso já tenha uma conta, faça login aqui.