O primeiro-ministro Edouard Philippe anunciou ao final da manhã desta terça-feira, dia 4, três novas medidas fiscais, entre as quais a suspensão do aumento da carga fiscal sobre os combustíveis — que entrava em vigor em janeiro do próximo ano — durante o período de seis meses. Durante esse período, será também debatida a melhor solução para os franceses, confirmou o primeiro-ministro francês. “Agora é tempo de diálogo”, pediu numa curta intervenção em direto na televisão.
"Si les impôts baissent, il faudra que les dépenses baissent" Edouard Philippe annonce une concertation sur "le niveau des services publics" pic.twitter.com/A6W71ZKkXw
— franceinfo (@franceinfo) December 4, 2018
A decisão terá sido tomada nas últimas horas no palácio do Eliseu e após várias reuniões de negociação com o objetivo de apaziguar os protestos dos “coletes amarelos” e de travar os tumultos que se têm registado em vários pontos do país, especialmente em Paris, onde se concentraram os confrontos mais violentos.
O adiamento ou “suspensão” vai durar seis meses, numa decisão que envolveu outro tipo de medidas para compensar a anulação, ainda que provisória, do aumento fiscal, como por exemplo a suspensão do aumento de impostos sobre a eletricidade e o gás e a suspensão da convergência entre os combustíveis e a suspensão da convergência entre os combustíveis para profissionais e para particulares. Será também promovido um debate sobre os impostos e a despesa pública, entre 15 de janeiro e 1 de março.
[Estas medidas] devem permitir que entremos num diálogo real sobre todas as preocupações, para refletirmos juntos o ritmo da transição ecológica enquanto mantemos a ambição. Devemos acompanhar os franceses nesta transição”, referiu Edouard Philippe.
O primeiro-ministro francês afirmou ainda que “manter os impostos e segurá-los é uma necessidade para governar a França”, mas que “nenhum imposto merece comprometer a união da nação”. “Vamos falar sobre isto, vamos adaptar-nos. Vamos juntar todos os parceiros sociais para debater sobre uma melhor gestão dos transportes, especialmente longe das cidades. Os grupos sociais estão prontos para abordar estes assuntos”, disse ainda Edouard Philippe.
O movimento de “coletes amarelos” nasceu espontaneamente num sinal de protesto contra a taxação de combustíveis em França. As ações de contestação estão a causar grande embaraço ao governo francês, tendo corrido mundo as imagens dos violentos confrontos entre manifestantes vestindo coletes amarelos e a polícia, no sábado, na emblemática avenida dos Campos Elíseos, em Paris.
Movimento espontâneo ou peão de partidos extremistas? Quem são os “Coletes Amarelos”
As reivindicações dos coletes amarelos não mudaram, mesmo depois do Presidente Emmanuel Macron se ter dirigido à nação há uma semana. A grande carga de impostos, perda do poder de compra e desilusão geral com o Governo são as queixas mais comuns entre quem está a manifestar nas ruas do país.
O fim de semana ficou marcado em França por violentos protestos do movimento dos “coletes amarelos”, sobretudo por desacatos em Paris e por atos de vandalismo no Arco do Triunfo. O monumento, que é símbolo emblemático de Paris e da própria França, foi pintado, o seu museu saqueado e uma estátua partida, à margem dos protestos.
Os últimos dados sobre sábado indicam que 136 mil pessoas se juntaram à mobilização dos “coletes amarelos” e que houve 263 feridos, além de centenas de detidos. O primeiro-ministro fez ainda um aviso: “Se houver mais um dia de protestos no sábado, terá que ser declaro e deverá ser encarado com calma. O ministro do Interior vai utilizar todos os meios para forçar a ordem”.