O ministro das Finanças e presidente do Eurogrupo, Mário Centeno, quer que a reforma da zona euro seja um dos assuntos em debate nas próximas eleições europeias. O assunto pode não ser o mais atraente do ponto de vista eleitoral, mas Centeno quer trazê-lo para “o centro do debate das Europeias”, já que o “aprofundamento do euro é um desígnio europeu, que está no centro do projeto político comum”.

Numa intervenção do último dia do Congresso do Partido Socialista Europeu, Mário Centeno falou mais como presidente do Eurogrupo do que como ministro das Finanças, pintou um  cenário cor-de-rosa, que resultou dos “esforços de cada um dos países”. Centeno destacou que a “economia da zona euro cresce há 22 trimestres consecutivos, foram criados nove milhões de empregos, o sistema financeiro, em particular o sistema bancário, está hoje mais capitalizado e forte e, no próximo ano, pela primeira vez, o défice de todos os países do euro vai estar abaixo dos 3%”.

Sobre o facto de a economia ter desacelerado em 2018, Centeno acredita que é algo passageiro. “O abrandamento da economia europeia em 2018 é, temos de acreditar, um abrandamento temporário”, disse o presidente do Eurogrupo.

Apesar de todos estes pontos positivos, não é possível descansar à sombra do otimismo. Para Centeno os bons resultados não autorizam os Estados-membros a serem “imprudentes” e por isso o presidente do Eurogrupo defende um “esforço reformista”, em áreas como o “envelhecimento da população”, a “digitalização”, mas também “reformas das instituições europeias que sustentam a moeda única”. A reforma da União Económica Monetária, segundo Centeno, é fundamental para que “o euro cumpra o seu objetivo, de ser um veículo de prosperidade para os europeus”

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Relativamente a essa reforma, que lidera no Eurogrupo, Centeno destacou o “acordo alcançado no início desta semana no Eurogrupo em Bruxelas”, após “19 horas de reuniões” e que permitiu “cumprir medidas que se arrastavam desde a crise, por exemplo a criação de um Fundo de Resolução Bancária, para enfrentar um momento de crise”. O ministro das Finanças português falou num “compromisso de todos de reduzir os riscos financeiros na área do euro”.

Centeno lembrou que, no passado, se achou que “as regras europeias eram suficientes para garantir o sucesso da União Económica e Monetária”, e que esse “pecado original” ajudou a “explicar a razão pela qual a primeira década do euro foi marcada por uma série de expectativas pouco sustentáveis”. A Zona Euro foi assim “construída sobre uma base artificial”, que em “caso de turbulência” não só se mostrou “pouco resiliente” como ainda aumentou mais essa turbulência.

O presidente do Eurogrupo defendeu ainda um combate ao populismo, que define como “a resposta errada a uma boa pergunta”. Para combater esse populismo, Centeno defende o “desenho de soluções políticas, inovadoras, mas baseadas em factos”.