Poucas horas depois do ataque a tiro que provocou pelo menos três mortos e 13 feridos – um dos quais está em morte cerebral-, a imprensa francesa já avançava com a identidade do presumível atacante que as forças policiais perseguiram pela cidade de Estrasburgo. Chama-se Cherif Chekatt, nasceu a 24 de fevereiro de 1989, tem nacionalidade francesa e já estaria a ser vigiado pelas autoridades, a quem conseguiu escapar ainda esta manhã.

O suspeito de 29 anos mede cerca de 1,80m, estava vestido com um casaco preto e terá sido ferido pelas autoridades antes de escapar logo a seguir ao tiroteio. Cherif Chekatt era conhecido “de vista” no bairro onde vivia, na periferia de Estrasburgo. O homem morava num pequeno apartamento num edifício de oito andares, o mais alto do bairro, onde a maioria das casas estavam fechadas a sete chaves esta quarta-feira.  Os vizinhos traçam um perfil de um homem “solitário”, de poucas palavras e que “não se misturava muito com a vizinhança”. No mesmo bairro, viviam os pais, de origem marroquina, e dois dos seus irmãos.

Na manhã do ataque deveria ter sido interrogado, e eventualmente detido, pela polícia numa investigação sobre uma tentativa de homicídio. Mas não estava em casa onde as autoridades encontraram granadas. Na mesma ação, as autoridades interrogaram e detiveram os seus cúmplices. A imagem de Cherif Chekatt começou a circular nas redes sociais e uma fonte policial confirmou a um órgão francês que era uma fotografia do suspeito.

Natural de Koenigshoffen, pertencente ao distrito de Estrasburgo, Cherif Chekatt era bem conhecido da polícia, sobretudo por crimes comuns, nomeadamente assaltos a bancos. Mas estava também sinalizado pelas autoridades desde 2015 e identificado como “fiché S” pela Direção-Geral de Segurança Interna (DGSI) devido à sua alegada radicalização.

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Chekatt tinha cadastro em França, Alemanha e Suíça por crimes de delito comum, como roubo e assaltos, e cumpriu penas. Em 2011 foi condenado a dois anos de prisão por ataque com arma, mas acabou por só cumprir seis meses. O jornal local Dernière Nouvelles d’Alsace adianta que Chérif Chekatt terá agredido um jovem de 16 anos com um vidro de uma garrafa durante uma rixa num centro comercial des Halles, em Estrasburgo.

Segundo a ministra da justiça francesa,  Nicole Belloubet, Chekatt “cumpriu em França duas penas de prisão de dois anos cada uma.” Um tribunal de Basileia (Suiça) condenou igualmente Chekatt a um ano e meio de prisão por assaltos, segundo o jornal alemão Die Welt.  As autoridades alemãs de Baden-Wurtemberg também confirmaram à agência France Press, citada pelo El País, que Chekatt foi condenado a “dois anos e três meses de prisão em 2016 por assaltos”.  Solteiro e sem filhos, e confessou à polícia alemã que acumulava dívidas, mas que não precisou quais. Depois de ter cumprido pena na Alemanha foi extraditado para França.

Apesar de ter sido registado como radicalizado, ainda não há certezas sobre o motivo do ataque e sobre se existe uma motivação terrorista, não obstante as autoridades terem admitido este cenário logo no início das investigações. A existir essa ligação, não seria a primeira vez que um criminoso comum evoluía no sentido da radicalização que culminou com a realização de atos terroristas.

Há já alguns apoiantes do Estado Islâmico, identificados pelo site Intelligence — um site especializado na vigilância de redes sociais jihadistas — , a reivindicar o ataque. Contudo, o grupo extremista não fez ainda qualquer declaração oficial. Rita Kats, diretora-geral do Intelligence, acredita que o Estado Islâmico possa vir a fazê-lo.

(Artigo atualizado com o número de mortos e feridos)