A Cimeira do Clima das Nações Unidas (COP24) termina esta sexta-feira na Polónia com expectativa sobre se representantes de quase 200 países são capazes de se comprometer a salvar milhões de pessoas das consequências das alterações climáticas.

Dos 197 países presentes, quatro — Estados Unidos, Rússia, Arábia Saudita e Kuwait — concentraram durante duas semanas as críticas por se negarem a incluir na declaração final as revelações de um relatório do Painel Intergovernamental sobre as Alterações Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) que apela para ação “urgente e sem precedentes” para conter o aquecimento global.

É destes quatro a responsabilidade da exclusão do texto das conclusões científicas mais sólidas que sustentam o alarme lançado pela comunidade internacional, desde o grupo das nações mais gravemente afetadas ao próprio secretário geral das Nações Unidas, António Guterres, que várias vezes se dirigiu a Katowice para apelar a ações urgentes que substituam os discursos de circunstância.

Do outro lado, União Europeia, incluindo Portugal, os países do Pacífico e a Noruega lançaram uma coligação que pretende elevar a ambição da limitação de emissões de gases com efeito de estufa e contenção do aquecimento global, a que aderiram 27 países.

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Se forem seguidas as recomendações científicas, será preciso conter o aumento da temperatura global a 1,5 graus centígrados acima dos valores de antes da era industrial, sob pena de o clima mudar de forma catastrófica no planeta, uma perspetiva que setores como as petrolíferas acham que é alarmista.

Países como as ilhas Fiji e as Ilhas Marshall, que se afirmam ameaçados de extinção com a perspetiva de subida dos níveis dos oceanos, deixaram claro que se não houver um compromisso decisivo para aplicar o acordo de Paris sobre redução de emissões de gases com efeito de estufa e ir mais além, o que sair de Katowice não irá além de um “mínimo denominador comum”.

Os trabalhos da cimeira significaram noites em claro para milhares de ativistas, diplomatas e decisores e, mesmo esta sexta-feira, não há hora prevista para terminarem. O que se espera é ter no fim um caderno de encargos e um verdadeiro roteiro para concretizar o acordo de Paris, assinado em 2015 por 195 países. Portugal está representado na Cimeira pelo ministro do Ambiente e Transição Enérgica, João Pedro Matos Fernandes.