O alegado terrorista acusado de cometer o ataque em Estrasburgo, que foi abatido pela polícia francesa na noite de quinta-feira, não integrava nenhuma rede terrorista e não teve ajudas, segundo as investigações.

“Nada indica que estivesse integrado numa rede” terrorista, explicou o ministro do Interior francês, Christophe Castaner, sublinhando, numa entrevista à emissora Europe 1, que não há indícios de que tenha contado com “proteções particulares” durante a sua fuga.

Castaner insistiu que os três polícias, que enfrentaram a tiro Cherif Chekatt no bairro de Neudorf e o abateram, não o encontraram “por sorte” como alguns fizeram parecer, mas sim pelo “trabalho no terreno” que desde o primeiro minuto foi realizado.

“Desde o primeiro momento que a investigação se orientou para o seu bairro de origem”, disse o ministro, acrescentando que “tudo fazia pensar” que o suspeito não saiu dali após o ataque que cometeu no mercado de Natal, no centro de Estrasburgo, no Nordeste da França.

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Neste ataque, ocorrido na terça-feira, três pessoas morreram e 13 ficaram feridas. O ministro disse, sem dar detalhes, que houve uma informação procedente de Neudorf que levou a polícia a proceder na região uma operação, que incluiu um helicóptero e patrulhas, uma das quais se cruzou com Chekatt às 21h00 locais (20h00 horas em Lisboa). O “terrorista” disparou primeiro e os polícias “abateram-no para se defenderem e protegerem” do ataque.

O Procurador de Paris, Rémi Heitz, responsável pelas investigações terroristas em França, deve dar esta sexta-feira mais explicações sobre o caso. Castaner, por seu lado, deve assistir às 11h00 locais (10h00 em Lisboa), à reabertura do mercado de Natal de Estrasburgo, fechado desde a terça-feira.

O ministro do Interior não quis entrar na questão da reivindicação do ataque terrorista pelo Estado Islâmico (EI), comentando apenas que, embora essa organização esteja enfraquecida na Síria e no Iraque, a França ainda está sob a ameaça de ataques.

Reivindicação do Estado islâmico é “totalmente oportunista”

O ministro do Interior francês, Christophe Castaner, afirmou esta sexta-feira ser “totalmente oportunista” a reivindicação pelo grupo extremista Estado Islâmico (EI) do atentado no mercado de Natal de Estrasburgo, que causou três mortos e 13 feridos.

“Não é a reivindicação totalmente oportunista do Daesh (acrónimo árabe do Estado Islâmico) que muda seja o que for. Havia aqui um homem que alimentou o mal dentro de si”, disse Castaner.

A agência de propaganda do EI, a Amaq, anunciou pouco depois que Chekatt era um “soldado” do movimento, tendo realizado a “operação em resposta ao apelo para atingir os cidadãos (dos países) da coligação internacional” que combate o grupo ‘jihadista’ na Síria e no Iraque.

O procurador de Paris, Rémy Heitz, encarregado da investigação do caso, descreveu esta sexta-feira o último encontro do suspeito com a patrulha da polícia que o abateu, adiantando que lhe foi apreendido um revólver antigo, uma faca e munições.

Heitz anunciou que foram detidas na noite de quinta-feira para esta sexta-feira mais duas pessoas próximas do suspeito do atentado fazendo aumentar para sete o total de pessoas sob custódia, quatro familiares e três próximos de Chekatt.

O magistrado adiantou que “a investigação vai continuar para identificar eventuais cúmplices ou coautores que o possam ter ajudado ou encorajado na realização do ato”.

Sobe para sete o número de detidos

Esta sexta-feira, o procurador de Paris confirmou a detenção de mais duas pessoas no âmbito do atentado no mercado de Natal, elevando assim para sete o número de pessoas detidas desde quarta-feira. Tendo em conta que o suspeito principal não terá tido ajuda para planear o ataque, as autoridades estarão a tentar perceber se o suspeito foi ajudado por estas pessoas na altura da fuga, disse o procurador de Paris Remy Heitz, citado pelo The Washington Post.

Das sete pessoas detidas, quatro são membros familiares de Chérif Chekatt. “Queremos reconstruir as últimas 48 horas para descobrir onde é que ele [o atirador] teve ajuda”, explicou ainda o procurador de Paris.