O advogado Saleh Nikbakh receberá o Prémio Sakharov, em Estrasburgo, em representação dos familiares de Mahsa Amini, que foram impedidos de sair do Irão, disse à Lusa à assessoria de imprensa do Parlamento Europeu (PE).

Além do advogado e académico iraniano, estarão ainda presentes duas representantes do movimento “Mulher, Vida e Liberdade” — Afsoon Najafi e Mersedeh Shahinkar na entrega da mais alta distinção da União Europeia em matéria de direitos humanos, que decorrerá às 11h30 locais (10h30 de Lisboa), no hemiciclo do Parlamento Europeu.

Os pais e o irmão de Mahsa Amini foram “proibidos de embarcar no voo que os levaria a França para a cerimónia de entrega do Prémio Sakharov”, disse no sábado Chirinne Ardakani, advogada da família em França.

Prémio Sakharov para a iraniana Mahsa Amini, que morreu o ano passado, e para o movimento Mulher, Vida, Liberdade do Irão

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Mahsa Amini morreu em 16 de setembro de 2022, três dias depois de ter sido detida pela polícia de costumes iraniana por alegadamente usar mal o véu islâmico, tendo a sua morte originado meses de manifestações em grande escala contra os líderes políticos e religiosos do Irão, cuja repressão resultou em centenas de mortes e milhares de detenções.

O Parlamento Europeu atribuiu em outubro o Prémio Sakharov a Mahsa Amini e ao movimento “Mulheres, Vida e Liberdade”, que tem sido reprimido de forma violenta pelas autoridades iranianas.

As representantes do movimento começaram o dia desta terça-feira falando aos jornalistas de toda a Europa e pediram que seja dado apoio além das palavras, com ações contra o regime iraniano que “são contra até a felicidade”, relatando casos de detenções de pessoas que celebram.

“A República Islâmica retirou os direitos fundamentais da população. Se nos querem apoiar, peço que tratem as autoridades como nos tratam. Se eles quiserem estar nas vossas reuniões, não lhes atribuam vistos. Sancionem-nos da mesma forma como fazem connosco”, apelou Afsoon Najafi.

Depois de descreverem inúmeros atos violentos, incluindo sobre elas próprias, as duas mulheres criticaram como as autoridades iranianas escolhem ter os seus filhos fora do Irão, já que neste país as “pessoas estão a sofrer com fome porque têm de economizar em tudo, incluindo na comida”.

As ativistas dos direitos humanos descreveram ainda como os homens estão a juntar-se ao movimento, integrando manifestações e protegendo as mulheres que estão na rua a manifestar-se contra designadamente o uso do véu islâmico e outras normas consideradas discriminatórias.