O calvário das listas de espera chegou à Suzuki que, face à popularidade do novo Jimny, não está a responder à forte procura, informando de antemão os clientes que, se querem mesmo adquirir uma unidade do icónico todo-o-terreno nipónico, têm de estar preparados para esperar. Mas esperar bastante: em média, as entregas pós-encomenda tardam entre oito e nove meses.

Porém, se essa é a realidade portuguesa, ao que o Observador apurou, o cenário chega a ser mais dramático noutros países. É o caso, por exemplo, do Reino Unido, onde o tempo de espera já foi “esticado” para um ano. Para cúmulo, a Autocar relata que há mesmo concessionários que nem reservas aceitam, limitando-se a tomar nota do potencial interesse do cliente. Mas, afinal, o que os construtores automóveis mais querem não é … vender? O que se passa? A Suzuki não está a responder à procura porque não consegue ou porque não quer? Sim, a pergunta já se coloca nesses termos – mas já lá vamos.

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Antes de mais, a justificação oficial da marca é que o icónico modelo está a ser vítima do seu próprio sucesso, sobretudo no mercado doméstico, que é obviamente prioritário para a Suzuki. No Japão, onde é produzido para todo o mundo, na fábrica de Kosai, o Jimmy é estreito o suficiente para ser considerado um kei car, categoria que enquadra veículos que pagam menos impostos. Aí radica grande parte da explicação para a procura de que está a ser alvo. Ora, como a Suzuki preferiu concentrar-se em responder primeiro ao interesse dos clientes japoneses, os outros vão ter de esperar (se quiserem, é claro), problema acentuado pela reduzida capacidade de produção, cujo valor exacto nunca foi revelado.

União Europeia aperta as emissões de CO2. O que vai acontecer?

Há, contudo, uma outra situação que poderá explicar esta aparente inércia da Suzuki na resposta às solicitações do Jimny – e passará por uma folha de cálculo. Escrevem os ingleses, com base em informações veiculadas por concessionários do fabricante, que o construtor nipónico estará a limitar as vendas para não incorrer em multas. Isto porque, para os padrões europeus, o Jimny pode ser muito interessante pelo seu aspecto rétro, pelas dimensões compactas e pelo facto de ser um jipe a sério, mas peca pelas emissões de CO2. Recorde-se que a Suzuki optou por montar no Jimny um quatro cilindros de 1,5 litros com 102 cv que acaba por ser o mais poluente da gama do fabricante. Para se ter ideia, são 154 g/km (caixa manual), quando a marca poderia ter optado, por exemplo, por equipá-lo com um sistema mild hybrid, como o que o Baleno oferece. Mas aí dificilmente o Jimny poderia ser proposto por valores pouco acima de 20.000€ e a Suzuki já fez saber que não vai haver alternativa ao bloco atmosférico 1.5.