Chegou à Luz de fato de treino e aproveitou o período de aquecimento para andar cerca de cinco minutos pelo relvado, de um lado para o outro. Depois de já ter estado na flash interview da BTV, Bruno Lage surgiu na sala de conferências de imprensa do estádio da Luz para falar pela primeira vez aos jornalistas e a primeira pergunta foi exatamente no sentido de perceber o que lhe passou pela cabeça naqueles momentos da antecâmara do encontro frente ao Rio Ave; na resposta, ficou dado o mote para o que se seguiria: sinceridade, valorização do bom que foi feito e um gosto especial em falar de futebol. Apenas e só de futebol.

Lage foi a melhor base para aparecer o quinto elemento – João Félix (a crónica do Benfica-Rio Ave)

“Antes de falar sobre o jogo quero enviar um abraço ao mister Rui Vitória, Não podemos esquecer o trabalho realizado ao longo de três anos e meio aqui. Dois títulos de campeão conquistados, seis títulos no total. Fez um trabalho fantástico com estes jogadores. Da minha parte, e durante seis meses, tivemos uma relação de amizade e profissionalismos entre treinadores da equipa A e equipa B”, começou por destacar, prosseguindo: “Dei essa volta ao estádio para sentir se estava frio, para saber se vestia este casaco ou se trazia outro, para sentir também o ambiente. Aquilo que era importante hoje contra o Rio Ave, além de ganhar, era perceber que tipo de homens tínhamos no balneário, que equipa é que eles podem apresentar em campo e, fundamentalmente, reconquistar o público. Foi isso que fizemos”.

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“Foi um jogo com duas partes distintas. Na primeira, ou nos primeiros 20 minutos, procurámos um melhor posicionamento, o Rio Ave foi melhor e marcou dois golos; nos últimos 20 fomos claramente melhores e marcámos dois golos. A segunda parte foi equilibrada, com oportunidades quer de um lado quer do outro, mas fizemos mais dois golos. Foi uma boa exibição, quer no resultado, quer na reconquista do público que também era importante. Mudanças? Pretendemos criar alguma rotatividade como fazemos na equipa B. Cheguei, falei um pouco com os jogadores, treinei, tentei perceber as reações e depois decidi. Tive a possibilidade de rever o jogo com o Portimonense, senti que a equipa terminou o jogo muito bem a jogar em 4x4x2. Tive esse feeling. A partir daí temos de colocar mais pontas de lança no banco. Temos de ter mais alternativas no banco. Era importante ter mais dois pontas de lança na convocatória. O jogador que fica fora da convocatória não está longe de jogar, às vezes até está mais perto que aquele que vai ao banco. Hoje jogámos em 4x4x2, amanhã pode ser em 4x3x3″, disse sobre o jogo.

Mais tarde, a propósito dos golos sofridos, nova dose de frontalidade e uma explicação direta sobre todo o processo que terminou com a subida ao comando da equipa A no lugar de Rui Vitória, na passada quinta-feira.

Bruno Lage, o aprendiz de Carvalhal que tem Jaime Graça como referência e a formação como principal fonte

“Preocupação pelos golos sofridos? A minha preocupação é treinar amanhã. Senti que em determinados momentos podíamos ter mais a bola e evitar que a equipa ficasse tão exposta às transições do Rio Ave, como na segunda parte. A equipa tem de ter mais bola, para não a perder de forma desequilibrada. Mas o futuro é treinar amanhã”, salientou. “Vou ser muito sincero: na quinta-feira falei um minuto com o presidente e ele disse-me para preparar este jogo com o Rio Ave. No dia seguinte falei outro minuto com o Rui Costa, que me disse que agora eu era o treinador do Benfica e eu é que mandava. A partir daí, marquei os treinos e o que importa é o amanhã. Nem tive tempo para pensar, foi tanta coisa que tive de analisar e perceber. Senti total apoio e o à vontade com que me colocaram. O presidente foi muito claro comigo, o Rui Costa também. Independentemente do tempo que aqui estiver, sinto que sou o treinador da equipa A. O mais importante foi o orgulho enorme pela estreia na Primeira Liga, a estreia com a primeira equipa do Benfica. Tenho feito um percurso muito bonito nesta casa. Passei por vários escalões e hoje estrear-me com esta exibição e este resultado deixa-me orgulhoso. A partir daqui, não sei”, completou.

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“Vocês [jornalistas] olham muito para aquilo que é o sistema, e é normal que se olhe, mas olham pouco para aquilo que é a dinâmica de um sistema. Eu vi o João [Félix], quer como ponta-de-lança quer como médio, a jogar muito bem entrelinhas. Tive a oportunidade de ler algumas coisas e vocês diziam que a equipa B jogava em 4x3x3. Faço-vos um desafio: jogamos em 4x3x3 porquê? Porque jogamos com três médios? Amanhã se meter um central a ponta-de-lança jogamos em que sistema? Não olhem para os jogadores, olhem para as dinâmicas da equipa. Percebi que frente ao Portimonense acabámos bem a jogar em 4x4x2 tive o feeling que podíamos jogar assim”, concluiu Bruno Lage.