Os militares paraquedistas em missão na República Centro Africana (RCA) estiveram esta quinta-feira envolvidos, durante cinco horas, num intenso combate com elementos de um grupo armado, depois de serem alvo de um “ataque violento”. As imagens divulgadas pelo gabinete do Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas (EMGFA) mostram o uso de armamento pesado e o ataque a que a força portuguesa foi sujeita. Não há registo de feridos do lado da força portuguesa.
[Veja o vídeo disponibilizado pelo CEMGFA, referentes a confrontos em novembro do ano passado, na mesma região, no qual os militares portugueses são alvo de um ataque por parte de membros de grupo armado no ativo na República Centro Africana]
O comunicado do EMGFA faz referência a um “ataque violento” por parte de um grupo armado que tenta controlar a população de Bambari. “Os capacetes azuis portugueses estiveram cinco horas em combate direto com elementos do grupo armado ex-Seleka UPC (União para a paz na República Centro-Africana), com o objetivo de proteger civis e restabelecer a paz, entrepondo-se entre o grupo opositor e a população civil indefesa”, refere a comunicação do EMGFA. O documento faz referência ao facto de que os militares portugueses estão “todos em segurança”.
Os elementos do grupo armado recorreram a “armamento pesado, numa demonstração de capacidade de controlo do comércio local, colocando civis no fogo cruzado durante o confronto com as Forças Armadas centro-africanas (FACA)”. O ataque acontece poucos dias depois de os militares da força especial de paraquedistas terem regressado à região de Bambari, onde já tinham estado empenhados numa missão que resultou em ferimentos num dos elementos da Força de Reação Rápida das missão das Nações Unidas no país (MINUSCA).
O comunicado acrescenta que “as organizações governamentais têm tentado a todo o custo impedir a presença de combatentes no centro da cidade, que disputam recursos e a cobrança ilegal de impostos à população”, o que explica que os militares portugueses tenham mais uma vez sido enviados para aquela região, durante um mês, a 400 quilómetros da capital Bangui.
“A entrada do grupo armado em Bambari provocou a debandada precipitada da população para fora da cidade, ameaçando a estabilidade, a segurança e a liberdade de circulação”, numa reação habitual por parte dos civis que, com frequência, tentam escapar à ação dos grupos armados abandonando as suas casas.
Os militares portugueses, integrados na MINUSCA, “têm como tarefas prioritárias a proteção dos civis, o apoio ao processo de paz, facilitar a assistência humanitária e a proteção do pessoal, instalações, equipamentos e bens das Nações Unidas”, recorda a informação partilhada pelo CEMGFA, acrescentando que “o mandato da Missão Multidimensional Integrada das Nações para a estabilização da República Centro-Africana (MINUSCA) prevê a tomada de ações que antecipem, dissuadam e respondam, de forma efetiva, a ameaças sérias e credíveis à população civil”.
Neste momento, estão destacados na RCA cerca de 180 militares portugueses, a maioria proveniente do 2º Batalhão de Infantaria Paraquedista. É a quarta Força Nacional destacada de Portugal no país, depois das duas companhias de Comandos e uma companhia de paraquedistas destacados para aquela missão desde o início de 2017.
Paraquedistas na República Centro Africana. Treinar para descer ao inferno
[A notícia foi atualizada para corrigir um dado: o vídeo disponibilizado pelo EMGFA é referente a confrontos de novembro de 2018 entre os militares portugueses na República Centro Africana e elementos de grupos armados e não aos confrontos desta quinta-feira]