O Papa Francisco insistiu esta quinta-feira numa cultura de transparência e luta contra a corrupção por parte de governos e setor privado, mas evitou referir-se à crise na Venezuela, falando do Panamá onde participa no Dia Mundial da Juventude católica.

Na quarta-feira, cidadãos venezuelanos tinham pedido ao Papa que durante a sua visita ao Panamá se referisse ao delicado momento que atravessa a Venezuela e que apoiasse “a nova era” após a autoproclamação de Juan Guaidó como Presidente interino.

Após ter escutado o discurso do Presidente do país, Juan Carlos Varela, no palácio de Bolívar, o papa Francisco dirigiu-se às autoridade panamianas, aos representantes do corpo diplomático e do mundo empresarial e da cultura. O sumo pontífice recordou que as novas gerações pedem aos que “têm uma função de liderança na vida pública que levem uma vida em conformidade com a dignidade e a autoridade que lhes foi confiada”.

É um convite a viver com austeridade e transparência, na responsabilidade concreta pelos demais e pelo mundo; levar uma vida que demonstre que o serviço público é sinónimo de honestidade e justiça, e antónimo de qualquer forma de corrupção”

No seu segundo discurso, dirigido aos bispos da Igreja de São Francisco de Assis no Panamá, o Papa considerou ainda que os feminicídios são “uma praga” na América Latina, ao referir-se aos problemas que enfrentam os jovens neste continente.

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O pontífice argentino explicou que “são muitos os jovens que dolorosamente foram seduzidos com respostas imediatas que hipotecam a vida” e que implicaram situações conflituosas. Entre elas, citou “a violência doméstica, feminicídios — que praga vive o nosso continente neste aspeto –, bandos armados e criminosos, tráfico de droga, exploração sexual de menores e de não tão menores, etc.”.

O Papa Francisco também afirmou que a Igreja deve ajudar os fiéis “a ultrapassar os seus medos e desconfianças” face aos migrantes, no momento em que caravanas de milhares de pessoas partem com regularidade desta região da América central em direção ao México e Estados Unidos.

“A Igreja, devido à sua universalidade, pode oferecer esta hospitalidade fraternal e acolhedora, para que as comunidades de origem e as de acolhimento dialoguem e contribuam para ultrapassar os medos e as desconfianças e consolidem os laços que as migrações, no imaginário coletivo, ameaçam romper”, declarou.

Face ao atual cenário, “acolher, proteger, promover e integrar” podem ser os quatro verbos com os quais a Igreja, nesta situação migratória”, pode contribuir, acrescentou perante os bispos da América central.