A 31 de agosto de 1995, Eduardo Augusto Alves, português a viver em Gijón há mais de 15 anos, desceu 400 metros abaixo do solo como de resto fazia todos os dias. A extração de carvão era sustento deste e dos outros 13 mineiros que o acompanharam na viagem sem regresso.
Um violento incêndio deflagrou na sequência de uma explosão no interior do poço San Nicolás, nas Astúrias, numa madrugada que ficaria conhecida como a ‘Noite Negra’ ou ‘A tragédia de Nicolasa’. Eduardo Augusto morreu e deixou o filho, Lázaro Alves Gutiérrez, órfão, conta o El Español. A criança escolheu um futuro semelhante ao do pai e foi um dos mineiros que escavou a galeria de acesso ao local onde caiu o bebé Julen, de apenas dois anos, no dia 13 de janeiro.
Lázaro Alves Gutiérrez perdeu o pai muito cedo — ele e o irmão não teriam mais de dez anos. O dia ficou marcado na vida da família, mas essa memória dolorosa não demoveu Lázaro de, quase 25 anos depois daquela que é tida como a maior tragédia mineira nas Astúrias da última metade do século XX, se envolver no resgate de Julen.
Mañana 31 de agosto recordaremos de la tragedia minera de Nicolasa (Ablaña, Mieres): un día en el que el grisú segó la vida de 14 mineros. #OrgulloMinero #Carbon #CuencaMinera #Asturies pic.twitter.com/ufptCmck8M
— ???????????????????????????? (@asturmiranda) August 30, 2018
Eduardo Augusto nasceu em 1960, na zona de Bragança. Vivia há 15 na província de Gijón. A morte chegou aos 35 anos: na sequência da explosão de grisu (mistura gasosa de metano e ar que pode ocorrer nas minas de carvão), tudo aconteceu numa questão de minutos e quase todos os mineiros que trabalhavam na quarta e quinta galerias do oitavo andar morreram. Apenas dois saíram com vida. Tinham entre 29 e 43 anos.
O pai de Lázaro, nascido na aldeia portuguesa Quintela de Lampaças, com pouco mais de 200 habitantes, era assistente de detonador e já estava habituado às profundezas da mina. Antes disso foi apanha-bolas num clube de golfe e chegou a trabalhar na construção civil.
Duas décadas depois, o El Español recorda os nomes das vítimas do acidente. Naquela noite, estava um total de 63 pessoas a trabalhar dentro da mina. Dez pertenciam à Brigada de Resgate Mineiro de Hunosa, incluindo Eduardo Augusto Alves. A explosão deu-se às 03h15 e ainda hoje não se sabe o que a originou.