O Presidente da República português, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou este sábado que sai da Cidade do Panamá, onde permanece até domingo para participar nas Jornadas Mundiais da Juventude (JMJ), com “uma grande vontade” de se recandidatar.

À pergunta se espera ser o chefe de Estado a poder receber as JMJ, em Lisboa, como chefe de Estado, começou por dizer: “Eu tenho dito que a minha decisão é só em meados de 2020”.

“Saio daqui — e amanhã [domingo] admito que mais — com uma grande vontade de, se Deus me der saúde e se eu achar que sou a melhor hipótese para Portugal, com uma grande vontade de me recandidatar”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.

Questionado sobre o que o faz ter dúvidas, o Presidente português adiantou: “Tenho de ter saúde e tenho de ver se não há ninguém em melhores condições para receber o papa”.

O tabu da recandidatura de Marcelo em 13 versões

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O Presidente português disse ter conversado “várias vezes” com o papa na missa que Francisco presidiu na Cidade do Panamá e à qual Marcelo Rebelo de Sousa participou, concretizando-se o terceiro momento em que os dois chefes de Estado estiveram.

“À entrada reconheceu-me logo e recordámos quando estivemos juntos, nomeadamente em Fátima”, afirmou aos jornalistas o chefe de Estado após a celebração, na basílica catedral Santa Maria la Antigua, no âmbito das Jornadas Mundiais da Juventude que decorrem até domingo na capital do Panamá.

“Depois, quando foi cumprimentar, a certa altura durante a missa, as personalidades, alguns dos cardeais e representantes de outras igrejas”, declarou o chefe de Estado português.

Já no final, o papa Francisco contou-lhe uma história “muito curiosa”, relatou Marcelo Rebelo de Sousa.

“À saída foi que tinha tido uma troca de correspondência com o arcebispo Tolentino [Mendonça] sobre dois artigos relativos a Santo António e, a certa altura, nessa troca de correspondência, dizia-se ‘Santo António de Pádua’ e ele acrescentou, ‘de Lisboa, não é de Pádua, de Lisboa’”.

Esse foi o terceiro momento em que o chefe de Estado português esteve com o papa Francisco.

Em 17 de março de 2016, oito dias após ter tomado posse, o Presidente da República viajou para Roma, naquela que foi a sua primeira deslocação oficial ao estrangeiro.

Então, Marcelo Rebelo de Sousa, assumidamente católico praticante, justificou a escolha do Vaticano: “Trata-se do reconhecimento perante a entidade que foi a primeira a reconhecer Portugal como Estado independente”.

A independência de Portugal e o título de rei a Afonso Henriques foram reconhecidos pelo papa Alexandre III em 1179.

No encontro, de cerca de meia hora, o chefe de Estado entregou a Francisco um convite formal do Estado português para que visitasse Portugal em 2017, no centenário dos acontecimentos de Fátima.

No final do encontro, Marcelo Rebelo de Sousa manifestou-se feliz com a resposta ao convite, sem revelar pormenores.

A visita de Francisco a Portugal confirmou-se e, em maio do ano seguinte, por ocasião da viagem de 24 horas que o papa fez a Fátima, no âmbito do centenário dos acontecimentos na Cova da Iria, e para canonizar os beatos Francisco e Jacinta Marto, Marcelo Rebelo de Sousa esteve de novo com o papa.

No dia 12 de maio, Francisco e Marcelo reuniram-se a sós durante dez minutos, na Base Aérea de Monte Real, Leiria, onde aterrou o avião papal.

No dia seguinte, assim que o chefe de Estado do Vaticano deixava Portugal para regressar a Roma, o Presidente da República, que acompanhou em permanência a deslocação de Francisco como Presidente da República e peregrino, enviou-lhe uma mensagem de agradecimento.

“Portugal agradece a inesquecível peregrinação de Vossa Santidade a Fátima”, escreveu Marcelo Rebelo de Sousa.