Ford e Massachusetts Institute of Technology (MIT) são duas entidades respeitadas, cada uma no seu sector de actividade, pelo que ambas têm muito pouco a ganhar e muito a perder quando decidem recorrer aos tribunais para litigar uma acção como roubo de propriedade intelectual. A origem da contenda prende-se com uma questão técnica, essencialmente algo que o MIT entende ser uma inovação. Três professores da instituição terão patenteado uma forma de juntar, num mesmo motor, um sistema de injecção de combustível directo (dentro da câmara de combustão) e outro indirecto (na conduta de admissão). A razão desta solução visa permitir que, em condições de pouca carga, isto é, com pouca pressão no acelerador, o motor optimize a combustão e reduza consumos e emissões, para depois mudar para a segunda forma de injectar a gasolina dentro da câmara de combustão, permitindo extrair mais potência.
Sucede que esta solução de duplo sistema de injecção não é novidade no mercado – a VW vende há muito motores com esta tecnologia. Mas o problema surgiu quando os três engenheiros do MIT descobriram grandes semelhanças entre o seu sistema patenteado e o lançado recentemente pela Ford. Segundos eles, o seu sistema permite uma melhor mistura ar/gasolina, a ponto de o próprio MIT lhes ter permitido manter a propriedade da patente.
Os homens do MIT contactaram a Ford em 2014, tentando convencer os seus responsáveis a interessar-se pelo duplo sistema de injecção, mas a marca rejeitou essa possibilidade. Porém, três anos depois lançou uma série de motores com esta tecnologia, a tal que o MIT acha demasiado similar à que desenvolveram e patentearam.
Segundo a Bloomberg, terá mesmo existido um encontro entre os três professores e o responsável pela propriedade intelectual da Ford, que lhes terá pedido para não accionar a marca por abuso de patentes, pois em troca a Ford aceitaria trabalhar com os três professores noutros projectos. O tribunal vai agora decidir quem é o inventor e o vilão.