O Papa Francisco comunicou esta segunda-feira que irá abrir a parte do arquivo secreto do Vaticano relativo ao pontificado do Papa Pio XII, que coincidiu com a Segunda Guerra Mundial.

Pio XII, Papa entre 1939 e 1958, foi acusado pelos judeus de permanecer em silêncio e ser um cúmplice dos crimes do Holocausto. Contudo, o Vaticano defendeu que trabalhou discretamente para salvar os judeus e que só não falou publicamente contra os crimes nazis para não piorar a situação.

Para muitos historiadores, Pio XII deveria ter condenado com maior firmeza o massacre dos judeus, mas não o terá feito por prudência diplomática e para não colocar em perigo os católicos na Europa ocupada. Outros historiadores insistem ao contrário que aquele Papa salvou dezenas de milhares de judeus italianos, pedindo aos conventos para lhes abrirem as portas.

Há décadas que as organizações judaicas pedem a abertura destes arquivos. Por norma o Vaticano espera 70 anos após o fim de um pontificado para abrir os arquivos, mas a pressão para revelar os documentos mais cedo, enquanto os sobreviventes do Holocausto ainda estão vivos, levou agora a esta decisão.

O Papa Francisco afirmou que “a Igreja não tem medo da história” e acrescentou que o legado do Papa Pio XII foi abordado com “algum preconceito e exagero”.

Os arquivos de 1939 a 1958 serão abertos no dia 2 de março de 2020.

Israel congratula-se com abertura dos arquivos do Vaticano sobre Pio XII

O Ministério dos Negócios Estrangeiros israelita congratulou-se esta segunda-feira com a abertura em 2020 dos arquivos do Vaticano sobre o pontificado de Pio XII, após décadas de polémica sobre a sua atitude face ao Holocausto.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Estamos satisfeitos com esta decisão e esperamos que tal permita ter acesso aos arquivos pertinentes”, indicou o ministério num comunicado

O Museu do Holocausto de Israel, o Yad Vashem, declarou num comunicado exigir há anos a abertura dos arquivos para “poder realizar investigações objetivas e livres sobre a atitude do Vaticano em particular e da Igreja Católica em geral durante o Shoah”.

O bispo português José Tolentino de Mendonça foi nomeado, no verão de 2018, pelo Papa Francisco para ser arquivista do Arquivo Secreto do Vaticano e bibliotecário da Biblioteca Apostólica, passando a tutelar a mais antiga biblioteca do mundo.

[Atualizado às 17h03 de segunda-feira]