Quando era mais novo, Ethan Lindenberger tinha uma questão que o incomodava: “Intrigava-me que as pessoas discordassem da minha mãe sobre as vacinas”. Nunca tinha percebido o que se passava até ter descoberto que ela preferia obter informações nos grupos anti-vacinação da igreja e na Internet do que com os próprios médicos e, por isso, não queria que os seus filhos fossem vacinados. A partir daí, Ethan decidiu ir ao médico de família e, contra as ordens da mãe, pôs as vacinas em dia. A ação valeu ao jovem de Ohio um convite para falar no Congresso norte-americano esta terça-feira, onde defendeu a sua confiança e eficácia no programa de vacinação dos Estados Unidos. 

Cresci com uma mãe que acredita que as vacinas são perigosas e que falava abertamente sobre os seus pontos de vista tanto na Internet como pessoalmente”, explicou Ethan Lindenberger no Senado.

O jovem de 18 anos explicou ao comité de saúde, educação, trabalho e pensões do Senado, em Washington, como teve que se informar sozinho sobre os benefícios da vacinação e como teve de lutar contra a perspetiva negativa dos seus pais. A decisão, explicou, baseou-se na sua saúde e na dos outros. Em poucas semanas, Ethan transformou-se num herói entre os ativistas a favor da vacinação nos Estados Unidos. O jovem explicou ao senado que se informou nas autoridades sanitárias norte-americanas, assim como em organizações de saúde públicas e em revistas científicas. E quando mostrava as informações à mãe, só havia uma resposta: “Isso é o que eles querem que penses”. A mãe, explicou, acreditava que as vacinas contra o sarampo e rubéola aumentavam o risco de autismo em crianças.

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“Há uma decisão importante a ser feita com a informação obtida”, explicou Ethan, acrescentando que “muitas pessoas não se relacionam bem com dados e números, mas sim através de histórias”. Para o norte-americano, muito do que está por detrás da perspetiva anti-vacinação está nos fundamentos construídos entre os pais através da partilha de histórias e experiências. “Isso fala muito para as pessoas porque reafirma, especialmente para minha mãe, que sua posição está correta”, referiu.

Ethan falou ainda sobre os perigos da não vacinação, contando ainda que o facto de não estar vacinado quando era criança fazia com que a escola o encarasse como “uma ameaça à saúde”. “Isso empurrou-me ainda mais para obter as minhas vacinas, apesar das crenças da minha mãe, porque eu vi a ameaça como uma imposição dela”, disse.

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A mãe do jovem marcou presença no talkshow Good Morning America, onde disse estar “em choque” com as notícias de que o filho foi vacinado, mesmo sabendo da sua desaprovação. No entanto, Jill Wheeler garantiu que continua a ter um bom relacionamento com Ethan, mesmo depois desta disputa. E o jovem confirmou: “A minha mãe e eu temos uma ótima relação”.

A audiência de Ethan, conta o The Guardian, chega depois da Organização Mundial de Saúde ter alertado que as pessoas que escolheram não se vacinar tornaram-se numa ameaça à saúde em 2019, face ao aumento de crianças que não estão a ser vacinadas. Lindenberger falou juntamente com John Wiesman, secretário de Estado da saúde, John Boyle, presidente da Immune Deficiency Foundation e outros profissionais da saúde.