57 dias no hospital e mais de 722.96 euros gastos em tratamentos. Tudo por falta de vacinação. O caso foi revelado esta sexta-feira pelo Centro de Controlo de Doenças dos Estados Unidos e conta a história de como um menino de seis anos contraiu tétano depois de uma simples queda enquanto brincava, tendo de enfrentar tratamentos intensivos durante quase dois meses, que resultaram num gasto de milhares de euros em hospitais.

Segundo um relatório do centro norte-americano, o caso remonta a 2017, quando a criança caiu enquanto brincava no exterior de uma casa e fez um corte na testa. Em vez ser tratado no hospital, a ferida do menino foi desinfetada e suturada em casa, aparentando estar tudo controlado. No entanto, ao fim de seis dias a criança começou a ter episódios de choro, rangia os dentes e tinha espasmos musculares. Quando chegou ao ponto de arquear o pescoço e as costas e não conseguir sequer respirar, a família decidiu pedir ajuda médica.

Quando chegou ao hospital, o menino de seis anos foi diagnosticado com tétano e, devido à dificuldade em abrir a boca, não conseguia beber água ou ingerir qualquer alimento. Foi sedado, entubado e esteve ligado às máquinas, tendo sido administradas várias doses de vacinação contra a doença. Durante 47 dias esteve em tratamento intensivo, precisou de um ventilador para respirar e de medicação constante através de soro para controlar a dor, a pressão sanguínea e os espasmos.

Contrariando algumas probabilidades, e mais de um mês depois, a criança conseguiu andar pela primeira vez, com ajuda, precisando ainda de mais duas semanas de reabilitação para recuperar os movimentos. Foi, então, transferida para a unidade de cuidados intermédios.

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O menino precisou de 57 dias de internamento em terapia aguda, incluindo 47 dias na unidade de terapia intensiva. As despesas de internamento totalizam 811.929 dólares (excluindo transporte aéreo, reabilitação de pacientes internados e custos de acompanhamento)”, explicou o relatório do Centro de Controlo de Doenças.

Depois do internamento, a criança conseguiu voltar a fazer todas as atividades normais, incluindo correr e andar de bicicleta. Não se sabe se os pais do menino são anti-vacinação ou se houve outro motivo por detrás do facto de a criança não estar vacinada contra o tétano, mas o centro informou ainda que “apesar da extensa revisão dos riscos e benefícios da vacinação contra o tétano pelos médicos, a família recusou uma segunda dose de DTaP [nome da vacina contra o tétano] e quaisquer outras vacinas recomendadas”.

O tétano é causado por uma bactéria chamada Clostridium tetani, que quando entra no nosso corpo, geralmente através de um corte aberto, dá origem a uma toxina extremamente potente que pode rapidamente paralisar e provocar espasmos musculares constantes, que se podem espalhar para o peito, costas e intestinos. Este foi o primeiro caso de tétano diagnosticado numa criança em Oregan em 30 anos. Entre 2009 e 2015, revela o Gizmood, foram identificados 197 casos de tétano e 16 mortes relacionadas nos Estados Unidos. Em alguns destes casos, a conta hospitalar chegou a atingir os milhões de dólares.

Segundo Judith Guzman-Cottrill, professora de pediatria da Universidade de Saúde e Ciência de Oregon, o caso serve como uma chamada de atenção para a importância da vacinação, especialmente contra o tétano, pois este é transmitido por contacto direto com superfícies contaminadas e não de pessoa para pessoa, o que faz com que confiar na vacinação de outras pessoas não resulte para afastar as bactérias.