Os militares portugueses da 4.ª Força Nacional Destacada na República Centro Africana (RCA) regressam a Portugal na segunda-feira, após seis meses de missão, com mais de 70 horas de combates de “alta intensidade”, com grupos armados.

Portugal está presente na RCA desde o início de 2017, no quadro da Missão Multidimensional Integrada das Nações Unidas para a Estabilização na República Centro Africana (MINUSCA), cujo 2.º comandante é o major-general do Exército Marco Serronha.

Na MINUSCA está a 4.ª Força Nacional Destacada, composta por 180 militares (177 do Exército e três da Força Aérea), como Força de Reação Rápida. Outros seis militares do Exército português estão integrados no comando da missão.

A força que na segunda-feira regressa a Portugal é composta, na sua maioria, por Paraquedistas do 2.º Batalhão de Infantaria Paraquedista de Aveiro, e a força que parte, também na segunda-feira, é maioritariamente composta por Comandos.

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“Do empenhamento da Força Nacional Destacada que agora regressa, destaca-se a realização de duas operações militares de grande envergadura, conduzidas sob égide das Nações Unidas, que implicou a projeção durante 65 dias dos militares portugueses para Bambari, região situada a 400 quilómetros da capital Bangui”, refere o Estado-Maior General das Forças Armadas (EMGFA), em comunicado.

Das operações realizadas resultaram onze ações de contacto com grupos armados, sendo que cinco tiveram origem em “ações de combate planeadas e executadas pelos capacetes azuis portugueses”, para proteger civis inocentes, bem como para repelir os grupos armados da cidade de Bambari.

“Os restantes incidentes foram resultado de reações a flagelações ou emboscadas. No final foram contabilizadas mais de 70 horas em ações de combate de alta intensidade”, acrescenta o documento.

Na segunda-feira vai partir para a RCA a quinta Força Nacional Destacada, que também será a Força de Reação Rápida da MINUSCA no país, com a missão de apoio à paz em qualquer região do país, com o objetivo de contribuir para a estabilização, segurança e controlo do território.

A RCA caiu no caos e na violência em 2013, depois do derrube do ex-Presidente François Bozizé por grupos armados juntos na Séléka, o que suscitou a oposição de outras milícias, agrupadas sob a designação anti-Balaka.

O conflito neste país, com o tamanho da França e uma população que é menos de metade da portuguesa (4,6 milhões), já provocou 700 mil deslocados e 570 mil refugiados e colocou 2,5 milhões de pessoas a necessitarem de ajuda humanitária.

O governo controla cerca de um quinto do território. O resto é dividido por mais de 15 milícias que procuram obter dinheiro através de raptos, extorsão, bloqueio de vias de comunicação, recursos minerais (diamantes e ouro, entre outros), roubo de gado e abate de elefantes para venda de marfim. Em 6 de fevereiro, foi assinado em Bangui um acordo de paz entre o governo e 14 milícias.

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