Dan Reed, realizador do documentário “Leaving Neverland” que está a causar polémica um pouco por todo o mundo, rejeita que o objetivo tenha sido denegrir o legado de Michael Jackson, ao apresentá-lo como agressor sexual das crianças que recebia na sua quinta. A ideia era mostrar como duas famílias foram enganadas por um alegado “pedófilo disfarçado de amigo de confiança” e, só por acaso, esse amigo era Michael Jackson.
O próprio realizador ficou surpreendido com o resultado do documentário e confessa que ficou chocado com o que ouviu das duas alegadas vítimas, Wade Robson e James Safechuck, e das respetivas famílias.
“Em particular, o facto repugnante, mas inegável, de que se estabelece frequentemente uma ligação forte entre o predador e a criança, que sente os avanços sexuais do adulto não como abuso, mas pelo contrário: como amor”, escreveu Dan Reed num artigo de opinião publicado no jornal britânico The Guardian. “Igualmente perturbador para qualquer pai é o subsequente desejo da criança de proteger o agressor dos pais ou da polícia.”
A estrela, as acusações e as imagens: foi isto que Michael Jackson fez na Terra do Nunca? E agora?
O realizador vai mais longe: as crianças abusadas podem efetivamente gostar da relação que têm com o agressor, porque se sentem um alvo especial da sua atenção. Podem até estabelecer ligações mais fortes do que com os próprios pais. E com isso demorar muito tempo a perceber que o que lhes está a acontecer (ou aconteceu) é errado.
Esta mistura de amor, vergonha e medo — Michael Jackson terá dito às vítimas que se fossem descobertos seriam todos presos — condenou as vítimas a uma vida de silêncio, disse Dan Reed.
As duas alegadas vítimas que agora acusam Michael Jackson de abusos sexuais, defenderam o cantor quando foi acusado do mesmo crime por outra família, negando algumas terem sido abusadas. “O Wade disse no meu filme que cometeu perjúrio [mentiu em tribunal] porque não conseguia suportar a ideia de ver Jackson, o homem que amava, ir para a prisão”, contou o realizador.
Dan Reed aproveita ainda o artigo para rejeitar que as alegadas vítimas estejam a fazer isto por dinheiro.