Agora é oficial: Rui Rio leu os primeiros dez nomes da lista, um a um,  depois de terem sido aprovados pela Comissão Política Nacional e antes de serem submetidos a votação no Conselho Nacional do PSD, que decorre esta quarta-feira à noite em Coimbra. Dos primeiros seis nomes da lista — os mais facilmente “elegíveis“, tendo por base a atual representação — há dois estreantes (Lídia Pereira e Álvaro Amaro) e quatro repetentes em Bruxelas (Paulo Rangel, José Manuel Fernandes e Cláudia Monteiro Aguiar, atualmente eleitos, e Maria da Graça Carvalho, que regressa a Bruxelas). Abaixo disso, Carlos Coelho consegue ficar em zona cinzenta (o eurodeputado está em sétimo e, com um bom resultado do PSD, pode ser eleito). Os Açores recusaram o oitavo lugar e, por isso, ficam de fora.

Nos seis primeiros há três homens e três mulheres, num sinal de paridade que . Como prova do combate ao centralismo de Lisboa, há apenas um nome abaixo do Mondego (Maria da Graça Carvalho). Além de Rangel e Lídia Pereira, que já eram conhecidos, Rio leva o presidente de uma das maiores distritais do país logo no terceiro lugar e um autarca de uma capital de distrito.

Rui Rio explicou que “com esta formulação da lista” o PSD consegue “albergar a região Norte, que é representada por José Manuel Fernandes, a região Sul, representada por Maria da Graça Carvalho, que é natural de Beja, a região Centro, representada por Álvaro Amaro, as regiões autónomas representadas por Cláudia Aguiar, a área metropolitana de Lisboa por Carlos Coelho, e uma novidade, Ana Miguel dos Santos que neste momento está a viver em Cambridge, onde está a fazer o doutoramento, é especialista em Segurança na ótica jurídica e são estes os oito primeiros, que são aqueles que têm mais possibilidades de ser eleitos.”

O presidente do PSD destacou ainda que esta lista “não é paritária”, uma vez que “tem mais mulheres do que homens, tem 15 mulheres e 14 homens, sendo que não tens os homens em cima e os homens em baixo, é mesmo paritária: há situações em que são duas mulheres seguidas, há situações em que são dois homens seguidos, no fim, pela primeira vez, esta lista tem mais mulheres que homens.”

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Confira aqui os primeiros nomes da lista do PSD às Europeias:

1. Paulo Rangel

2. Lídia Pereira

3. José Manuel Fernandes

4. Graça Carvalho

5. Álvaro Amaro

6. Cláudia Monteiro Aguiar

7. Carlos Coelho

8. Ana Miguel dos Santos

9. Sónia Ramos

10. Teófilo dos Santos

Quem são, afinal, estas escolhas? Logo a seguir ao cabeça de lista incontornável (Rio não teria margem para escolher outro nome que não fosse Rangel) e à surpresa e sinal de renovação que queria dar (Lídia Pereira em segundo), o escolhido por Rui Rio para o terceiro lugar da lista foi José Manuel Fernandes. O líder da distrital de Braga, uma das maiores do PSD, esteve do lado de Rui Rio na batalha de janeiro contra Luís Montenegro e o líder do partido já tinha boa impressão do trabalho realizado pelo eurodeputado em Bruxelas. José Manuel Fernandes foi um dos pontas de lança de Rio no acordo com o Governo sobre fundos europeus, precisamente pela preparação técnica.

Semanas antes da votação da lista, o Ministério Público fez chegar um pedido de levantamento de imunidade ao Parlamento Europeu relativo a uma investigação por prevaricação por atos relativos ao tempo em que José Manuel Fernandes era autarca em Vila Verde. Rio desconfia do timing da justiça em ouvir José Manuel Fernandes e manteve com o eurodeputado uma solidariedade de ex-autarca que também foi alvo de processos enquanto presidente da câmara. Não o deixou cair.

Seguindo uma lógica paritária (um homem, uma mulher) nos lugares elegíveis, a quarta da lista é Maria da Graça Carvalho. É um regresso ao Parlamento Europeu, uma vez que já tinha sido eurodeputada entre 2009 e 2014. Da ala barrosista do partido, Maria da Graça Carvalho foi ministra da Ciência e do Ensino Superior durante o governo de Durão Barroso. Foi uma das apoiantes de Rui Rio desde a primeira hora e, além de vogal da Comissão Política Nacional, foi escolhida pelo líder para coordenadora do Ensino Superior do Conselho Estratégico Nacional.

O presidente da câmara da Guarda, Álvaro Amaro foi o escolhido para número cinco da lista. É o nome que se falava há mais tempo no PSD para as eleições europeias. Desde a campanha das diretas do partido, no final de 2017, que circulava que a grande ambição do autarca era ser eurodeputado. Havia um senão: Rui Rio definiu as próximas autárquicas como um grande desafio para o PSD e Álvaro Amaro ainda estava no segundo mandato à frente da autarquia da Guarda, câmara que era dos socialistas desde 1976 e que o antigo autarca de Gouveia conseguiu conquistar em 2013. Ainda assim, Rio terá dado a garantia a Álvaro Amaro que o deixava ir para Bruxelas e não faltou à palavra.

Cláudia Monteiro de Aguiar, atualmente eurodeputada, consegue  seguir no mesmo lugar que ocupava na lista há cinco anos. O líder do PSD — num ano em que o partido enfrenta as mais difíceis regionais no arquipélago — quis dar um sinal de que continua a valorizar a Madeira. O PSD/Madeira voltou a escolhê-la e segue em lugar elegível, o que já tinha sido anunciado esta quarta-feira à tarde por José Silvano.

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Quem está na fronteira entre a eleição e a não-eleição é Carlos Coelho, que cai dois lugares na lista e vê-se ultrapassado por dois colegas da delegação que lhe passam à frente face a 2014: José Manuel Fernandes e Cláudia Aguiar. O atual eurodeputado foi a indicação da distrital de Lisboa, o que para Rio não quer dizer muito. Ainda assim, Rui Rio reconhece Carlos Coelho como um importante ativo na organização da Universidade de Verão e da Universidade Europa, iniciativas organizadas em conjunto com o Partido Popular Europeu e no qual o know how de Coelho é importante.

Nas listas que circulavam nos últimos meses no partido, Carlos Coelho era sucessivamente dado como uma carta fora do baralho, mas os que lhe são mais próximos politicamente fizeram vários esforços para que continuasse. Algo que começou cedo. Logo na Universidade de Verão do PSD, em setembro de 2018, a antiga ministra e presidente da Fundação Champalimaud, Leonor Beleza, destacava a importância de Carlos Coelho se manter em Bruxelas numa fase tão importante para a vida da União Europeia. Carlos está ininterruptamente no Parlamento Europeu desde 1998, por onde já tinha passado em 1994, mas só um bom resultado do PSD o coloca lá novamente.

O lugar que estava guardado (e foi recusado) para os Açores vai Ana Miguel dos Santos, jurista de 38 anos que foi chefe de gabinete do secretário de Estado das Infraestruturas, Transportes e Comunicações Miguel Pinto Luz no governo-relâmpago de Pedro Passos Coelho. Especialista em questões de segurança, tirou em 2014 o curso de Gestão Civil de Crises, do Instituto de Defesa Nacional e um curso de Especialização em Cooperação Civil-Militar pelo Instituo Superior de Estudos Militares. Foi advogada na PLMJ, escritório onde estagiou e teve como orientadores Diogo Leite Campos e Rui Machete. Durante o governo PSD-CDS (o que durou 4 anos e meio), foi assessora jurídica do ministro da Defesa, José Pedro Aguiar-Branco.

Os Açores não se conformaram com o oitavo lugar, até porque foram em terceiro lugar em 2014, o que foi potenciado por terem indicado uma mulher. Por isso, a estrutura insistiu no nome de Mota Amaral. Rui Rio não cedeu e os Açores ficaram de fora. O princípio de só uma região autónoma ir em lugar elegível foi, aliás, aprovado na reunião da Comissão Política desta quarta-feira à tarde. Questionado à saída da reunião, Rui Rio justificou-se dizendo que “aquilo que a Comissão Política Nacional entendeu é que nós temos de garantir ou devemos garantir sempre que haja um deputado que represente as regiões ultraperiféricas, cabe este ano à Madeira representar as regiões e caberá ao gabinete da deputada Cláudia Monteiro de Aguiar integrar pessoas dos Açores para que possa estender a sua atividade aos Açores.”

Rui Rio reiterou que “os Açores recusaram o oitavo lugar” e que “não está em causa, de forma nenhuma, João Bosco Mota Amaral, sobre quem toda a gente do PSD tem o máximo respeito”, já que isto “era uma questão de princípio independentemente do deputado que fosse indicado”.