O tema “dominou” a reunião da bancada do PSD desta quinta-feira. Não foi a lista para as europeias, discutida noite dentro no Conselho Nacional, em Coimbra, nem as diretivas da CNE sobre propaganda eleitoral. Os deputados do PSD reuniram-se esta quinta-feira para falar sobre a queixa de que Bruno Vitorino está a ser alvo por parte de duas deputadas do BE: Joana Mortágua e Sandra Cunha. Em causa está um post que o deputado do Barreiro fez no Facebook, onde questionava, propósito de uma sessão de esclarecimento numa escola levada a cabo por uma organização LBGT ‘Que porcaria é esta?’, considerando a sessão “perversa” e uma “vergonha”. Reunida a bancada, Fernando Negrão conclui que a queixa é um atentado à “liberdade de expressão” e à democracia, tendo enviado uma carta ao Presidente da Assembleia da República a queixar-se disso mesmo. “Pedagogia não é doutrinação”, diz.

“A liberdade de expressão é sagrada, e no dia em que um deputado se sentir impedido de falar com receio de queixas que possam vir de outros deputados, então aí estaremos a matar a democracia”, disse o líder parlamentar social-democrata aos jornalistas no final da reunião, explicando que a carta redigida e endereçada a Ferro Rodrigues tem o propósito de impôr na agenda da conferência de líderes uma discussão sobre o tema.

Joana Mortágua e Sandra Cunha apresentam queixa contra Bruno Vitorino

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Para Fernando Negrão, há uma diferença entre fazer “pedagogia” nas escolas e “doutrinação”, considerando que a tal palestra de sensibilização para as diferentes orientações sexuais levada a cabo numa escola do Barreiro era “doutrinação” sobre crianças “de 11 anos”, e que isso sim devia ser motivo de “preocupação”. Questionado sobre se se revia nas expressões usadas pelo deputado (“perverso” e “vergonha”), Negrão disse que isso era “assessório” e que a página de Facebook de cada um é um espaço “pessoal”, com “uma margem de expressão muito maior”, mesmo tratando-se de alguém com um cargo público.

Numa publicação na sua página de Facebook no passado dia 8 de março, Bruno Vitorino criticou esta iniciativa, considerando-a “uma vergonha” e “uma porcaria” por entender que “é perverso” ver “adultos a avançar sobre este campo junto de crianças”. Um post que foi entretanto eliminado da rede social depois de ter sido denunciado. Um dia depois, o deputado social-democrata voltou ao tema novamente no Facebook. “Nunca discriminei ninguém em função da sua orientação sexual, do seu partido político, da sua raça, cor de pele, religião ou clube ou seja o que for. Tenho amigos homossexuais, heterossexuais, e muitos que nem sei que orientação têm ou deixam de ter. Mas não aceito este tipo de “doutrinação” nas escolas com miúdos destas idades. Ainda mais com associações totalmente duvidosas. Acho uma vergonha”, escreveu num tom menos agressivo do que na publicação original.

Para Fernando Negrão, que lidera a bancada social-democrata, não é igual um partido político ou uma associação LGBT ir falar a uma escola. “Quando falo numa escola não digo que a democracia é o PSD, explico o que é o sistema democrático e falo da pluralidade de partidos”, disse, afirmando que, pelo contrário, uma associação LGBT “faz doutrinação em vez de pedagogia” sobre as crianças.