O primeiro-ministro português recusou, esta terça-feira, “protecionismos” em relação aos investimentos chineses e frisou que “países exigentes” como o Reino Unido e a Alemanha aceitaram o fornecimento de equipamentos pela chinesa Huawei para as redes 5 e 5G.
António Costa, que falava na Assembleia da República durante o debate preparatório do Conselho Europeu desta semana, respondia a uma pergunta da deputada do PSD Rubina Berardo sobre se acompanha as preocupações da Comissão Europeia em matéria de regulamentação e fiscalização dos investimentos chineses em setores decisivos.
Na resposta, o primeiro-ministro disse “louvar” o seu antecessor, o social-democrata Pedro Passos Coelho, “que foi capaz de atrair dois importantes investidores chineses no quadro de processo de privatização da EDP e REN” e esperar que o PSD, agora na oposição, “não tenha passado a ter essa visão de diabolização do investimento chinês”.
“Deste lado ninguém defende a quebra de segurança. O que não aceito é que, a pretexto segurança, se introduzam mecanismos de protecionismo que desfavorecem as condições de contratação dos países que têm de contratar a sua modernização tecnológica”, disse António Costa.
“Verifico aliás que países exigentes como o Reino Unido, há uma semana, e hoje [terça-feira] mesmo a Alemanha, declararam, com toda a informação que têm disponível, que não têm nenhuma razão para excluir a Huawei do acesso ao mercado relativamente às 5 ou 5G”, acrescentou.
As relações económicas com a China vão estar na agenda do próximo Conselho Europeu, quinta e sexta-feira em Bruxelas, no qual a Comissão Europeia espera obter o apoio dos Estados-membros a uma proposta para assegurar maior reciprocidade nos mercados públicos, uma medida que visa não apenas a China como também os Estados Unidos.
O Conselho servirá também para preparar a próxima Cimeira UE-China, prevista para 9 de abril, cuja realização António Costa disse esta terça-feira “apoiar e verificar com satisfação”.
“A cooperação significa respeitar os interesse de cada um e convergir para cima nos standards que têm de ser exigidos”, afirmou, frisando que Portugal “tem relação secular com china [que] é um bom exemplo de relação sadia”.
“A Europa não se reforçará se adotar uma atitude protecionista, reforçar-se-á se se abrir ao mundo”, disse.