Foi aprovada a Emenda Letwin, e de seguida a Moção que esta alterava, por 27 votos, com três ministros do governo de Theresa May a demitir-se para votar contra as indicações da primeira-ministra. A Emenda passa o controlo do Brexit para o parlamento britânico, que decidirá quarta-feira uma série de votos indicativos, alterando o acordo para a saída do Reino Unido da União Europeia.

Momentos depois foi chumbada a Emenda Beckett por três votos. A proposta de Margaret Beckett tornaria obrigatório um voto no parlamento britânico para aprovar qualquer adiamento do Brexit caso o Reino Unido estivesse a uma semana de abandonar a União Europeia sem qualquer acordo. “Onde este governo falhou, este parlamento tem agora de ter sucesso“, exigiu o líder da oposição, Jeremy Corbyn.

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A proposta interpartidária, encabeçada pelo conservador Oliver Letwin, dá ao parlamento precedência sobre o governo para estabelecer a agenda parlamentar no sentido de “debater e votar caminhos alternativos”. O secretário da Economia Richard Harrington, o ministro dos Negócios Estrangeiros Alistair Burt e o ministro da Saúde, Steve Brine, demitiram-se para votar a favor da proposta de Letwin, em conjunto com 30 deputados do partido de Theresa May.

O governo de Theresa May estava contra a emenda, que classifica como “um mau precedente”, que poria em causa “o equilíbrio das instituições democráticas”. Jeremy Corbyn apoiou Letwin considerando o trabalho do governo uma “vergonha nacional”: “Depois de dois anos de falhanço e promessas quebradas, a primeira-ministra finalmente aceitou o inevitável e pediu uma extensão”, afirmou o líder trabalhista. “Mas continuamos a enfrentar a possibilidade de um Brexit sem acordo”. O deputado Bill Cash, do partido de Theresa May, considerou o voto uma “revolução constitucional”.

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Nos votos indicativos, o Parlamento vota caso a caso numa série de cenários possíveis para o futuro. Theresa May alertou, no entanto, que está “cética” face aos resultados do processo, “que no passado já produziu resultados confusos ou nenhum resultado de todo”. “Nenhum Governo pode passar um cheque em branco sem saber o que vai aprovar”, decretou.

Ao The Guardian, um porta voz do governo do Reino Unido disse estar desapontado com a aprovação da Emenda Letwin: “Agora é responsabilidade do parlamento definir os passos após esta Emenda, mas o governo vai continuar a pedi realismo — qualquer opção considerada tem de ser negociada com a União Europeia. O parlamento tem de ter em consideração o tempo que estas negociações levam, e que uma extensão mais longa [do artigo 50] obrigar-nos-ia a participar nas Eleições Europeias“.

O The Sun indica que Theresa May já terá, em privado, colocado o lugar à disposição: caso os deputados aprovassem o acordo do governo para o Brexit a primeira-ministra estaria disposta a demitir-se.