A primeira-ministra britânica Theresa May reconheceu esta segunda-feira, perante o Parlamento britânico, que continua sem ter uma maioria que garanta a aprovação do seu acordo na Câmara dos Comuns, o que significa que não apresentará o acordo para ser votado esta terça-feira, como tinha sido sugerido. “Continuo a acreditar que o caminho certo é sair da UE com um acordo o mais cedo possível. Mas lamento constatar que ainda não há apoio nesta Câmara para regressar para uma terceira votação”, declarou May perante os deputados.

No entanto, isso não significa que o acordo não possa vir ainda a ser votado esta semana, como o Conselho Europeu exigiu a fim de adiar o Brexit até a maio. May garante que continuará a negociar com os deputados para tentar reunir uma maioria em torno do seu acordo:

Continuarei as conversações para conseguir apoio e garantir o Brexit. Se não conseguirmos, o Governo conseguirá uma maioria sobre o caminho a seguir”, afirmou a primeira-ministra.

Em causa está uma possível saída sem acordo a 12 de abril, caso o acordo não seja aprovado nem for pedido um novo adiamento — que a UE afirmou só aceitar caso haja alguma alteração de substância.

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A declaração desta segunda-feira surge depois de os aliados do Governo no Parlamento, os norte-irlandeses unionistas do DUP, terem voltado a sublinhar que não apoiam o acordo da primeira-ministra. Depois de um telefonema entre May e a líder do partido, Arlene Foster, o DUP voltou a afirmar, pouco antes da sessão no Parlamento, que continua a não apoiar o acordo.

Nos Comuns, o líder parlamentar dos norte-irlandeses, Nigel Dodds, confrontou de seguida May e chegou mesmo a apelidar ao backstop, o mecanismo criado para impedir uma fronteira rígida entre a República da Irlanda e a Irlanda do Norte, como sendo “do diabo” perante os deputados.

Se acordo não for aprovado, votos indicativos são alternativa. Mas May está “cética”

Esta segunda-feira, o Parlamento votará ainda a emenda parlamentar Letwin que, se for aprovada, dará ao Parlamento o poder de tomar conta da agenda parlamentar na quarta-feira, em vez de ser responsabilidade do Governo. May afirmou que o Governo está contra essa emenda, que classifica como “um mau precedente”, que poria em causa “o equilíbrio das instituições democráticas”.

O líder da oposição, Jeremy Corbyn, declarou que o seu partido votará a favor desta emenda. Perante a primeira-ministra, Corbyn classificou de “vergonha nacional” a estratégia do Governo para o Brexit: “Depois de dois anos de falhanço e promessas quebradas, a primeira-ministra finalmente aceitou o inevitável e pediu uma extensão”, afirmou o líder trabalhista. “Mas continuamos a enfrentar a possibilidade de um Brexit sem acordo.”

A primeira-ministra disse que poderia vir a permitir a realização dos chamados votos indicativos, onde o Parlamento vota caso a caso numa série de cenários possíveis para o futuro, caso o seu acordo não seja aprovado até ao final da semana. May alertou, no entanto, que está “cética” face aos bons resultados do processo, “que no passado já produziu resultados confusos ou nenhum resultado de todo”.

A primeira-ministra defendeu-se sobre a eficácia dessas votações: “Nenhum Governo pode passar um cheque em branco sem saber o que vai aprovar”, decretou. Em vez disso, May diz que estará disponível até ao final para negociar diretamente com os deputados.

(Em atualização)