O procurador-geral dos EUA, William Barr, disse esta quarta-feira que acredita que a campanha eleitoral de Donald Trump foi espiada pelas diversas entidades dos serviços de informação dos EUA, durante o tempo de Barack Obama.

“Acredito que houve espionagem”, disse William Barr em declarações ao Senado. “A questão é agora saber se foi assente num predicado adequado.”

A acusação de William Barr, que foi nomeado para o cargo por Donald Trump e que antes de assumir funções elogiou publicamente o Presidente dos EUA, volta a trazer a lume suspeitas anteriormente levantadas pelo próprio Donald Trump. A 4 de março de 2017, o Presidente dos EUA escreveu no Twitter: “Terrível! Acabei de saber que Obama pôs escutas na Trump Tower antes da vitória eleitoral. Não encontraram nada. Isto é McCartismo!”.

À altura as acusações de Donald Trump não tiveram seguimento. Porém, desta vez, o procurador-geral, que assumiu o cargo em fevereiro de 2019, prometeu investigar a possibilidade de o então candidato republicano ter sido alvo de espionagem sem fundamentos para tal.

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Questionado pelo senador democrata de Rhode Island Jack Reed, que lhe perguntou se tinha encontrado “provas específicas de algo impróprio por parte da investigação de contra-inteligência”, William Barr respondeu: “Não tenho nenhumas provas específicas que [poderia] citar agora”. Mas contrapôs:”Tenho questões a colocar”.

Em resposta a outro senador democrata, Brian Schatz, do Havai, que lhe pediu que fosse mais claro, William Barr disse que quer “assegurar que não houve vigilância sem autorização”.

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Ainda antes das declarações desta quarta-feira, William Barr já era um dos nomes mais falados da política norte-americana. Tudo isto porque, no final de março, após analisar as quase 400 páginas do relatório de Robert Mueller ao caso do alegado conluio entre a campanha de Donald Trump e a Rússia, concluiu, numa súmula de 4 páginas, que a investigação do procurador especial não encontrou razões para acusar o Presidente dos EUA e a sua equipa daquele crime.

Além disso, William Barr dava conta de que a investigação de Robert Mueller apresentava provas que ora confirmavam, ora desmentiam, que Donald Trump tinha obstruído a justiça enquanto a investigação em torno da sua campanha decorreu. Robert Mueller, notou ainda William Barr, não fazia nenhuma recomendação no sentido de Donald Trump ser acusado ou ilibado do crime de obstrução à justiça. Porém, William Barr tomou ele próprio a decisão de também ilibar o Presidente nesse caso.

A avaliação que William Barr fez da investigação de Robert Mueller levantou várias dúvidas junto dos democratas no Senado e na Câmara dos Representantes, que acreditam que o procurador-geral já demonstrou no passado ter um viés pró-Trump. Dessa forma, têm exigido recorrentemente a divulgação do relatório na íntegra. William Barr acedeu a esse pedido, referindo que o documento deverá ser divulgado em “meados de abril”. Até lá, será feito um trabalho de depuração do texto original, para que dele sejam retiradas todas as informações que sejam classificadas ou incluam detalhes privados.

William Barr acedeu ainda a ser questionado no Senado e na Câmara dos Representantes após a divulgação do relatório, avançando as datas de 1 e 2 de maio, respetivamente.

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