Para Mathieu Shamavu foi apenas “mais um dia no escritório”. O guarda-florestal do Parque Nacional de Virunga, na República Democrática do Congo, tirou uma selfie com duas gorilas em poses humanas e a foto tornou-se viral depois de ter sido publicada no Facebook.

As gorilas, Ndakazi e Ndeze, foram resgatadas ainda em bébés por dois guardas que pertencem a uma equipa de 600 trabalhadores que lutam para garantir a segurança dos animais, numa área de conflitos armados e caça furtiva. Mathieu Shamavu pertence ainda ao grupo “Elite Anti-Poaching Trackers And Combat Trackers”, uma unidade anti-caçadores.

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Os gorilas habitam numa unidade especial do parque, património mundial da UNESCO, no Congo. O diretor do Parque Nacional de Vriunga, Innocent Mburanumwe, referiu que as mães de Ndakazi e Ndeze foram mortas por caçadores em 2007, quando as gorilas tinham apenas alguns meses de vida. Mburanumwe destacou ainda que os dois animais aprenderam a imitar comportamentos humanos com os dos guarda-florestais, que cuidam dos animais desde a sua infância.

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“Estas raparigas são muito descaradas, por isso esta foto capta na perfeição a sua verdadeira personalidade!”, referiu o parque no Instagram. A publicação esclarece ainda que “não é surpresa ver estas fêmeas a andar em pé”, visto que “a maioria dos primatas se sente confortável a caminhar durante curtos períodos de tempo”.

ABC

O parque é casa de 22 espécies de primatas e funciona com um autêntico santuário. Cerca de um terço da população mundial de gorilas-das-montanhas, altamente ameaçados de extinção, habita nas florestas vulcânicas do parque.

As fotografias obtiveram mais de 20 mil partilhas e quase 30 mil gostos no Facebook. No Twitter, Yvonne Ndege, porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados no Quénia, descreveu a fotografia como “a selfie do ano”.

O Parque Nacional de Virunga tem sensibilizado a população para os perigos que estes animais enfrentam e fez agora um pedido especial de contributos para a preservação da vida selvagem do parque. “Conservar a fantástica vida selvagem de Virunga é um desafio constante para o parque e não seria possível sem o vosso apoio”, refere a administração no Instagram.

Na República Democrática do Congo, os conflitos entre forças do governo e grupos armados põem em causa a preservação dos animais e dificultam o trabalho dos guardas-florestais. Os grupos armados ocupam o parque florestal, caçam os gorilas e ameaçam os trabalhadores que tentam proteger as espécies. Segundo a BBC, 130 guardas-florestais foram mortos em Virunga desde 1996 e, apenas no ano passado, cinco guardas foram assassinados, numa emboscada de rebeldes.