São 10 milhões de euros. É este o valor que a Google, uma das maiores empresas de tecnologia do mundo, investiu numa bolsa europeia para combater o “ódio e extremismo nas comunidades” e “ajudar os jovens a estarem seguros quando estão online”. O anúncio foi feito esta terça-feira em Munique, na inauguração do novo Centro Global de Engenharia de Segurança (GSEC) da Google.

Aprender através de especialistas é a chave do nosso trabalho contínuo para fazermos produtos mais seguros e que possam ajudar as a pessoas a aproveitar tudo o que a Web tem para oferecer com confiança e segurança”, disse Kristie Canegallo, vice-presidente e Confiança e Segurança da Google.

As bolsas têm como público alvo organizações sem fins lucrativos, universidades, investigadores e associações de caráter social na Europa. As entidades que quiserem candidatar-se a este apoio da Google podem fazê-lo através do site da empresa para projetos e causas sociais (Google.org). Ao todo, cada projeto pode receber até um milhão de euros.

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Com este montante, a Google quer incentivar “projetos online e offline” de entidades que trabalhem em temas que “não comecem necessariamente quando se abre um portátil ou acabem quando se fecha um”.

A empresa norte-americana deu como exemplo de causas que quer ajudar a parceria que já tem com o Instituto de Diálogo Estratégico (Institute for Strategic Dialogue), uma associação — “think thank” — que “está no terreno a trabalhar para uma experiência online mais segura”. A empresa já tinha lançado no Reino Unido um fundo semelhante, o Google.org Innovation Fund. No âmbito dessa bolsa, a empresa tecnológica ajudou a criar projetos como o KO Racism by Limehouse Boxing Academy, uma academia de boxe que alia cada sessão desportiva a discussões sobre racismo e preconceito, ou o Virtual Inclusion, da Open University, um programa de realidade virtual que permite ao utilizador simular um dia na vida de um jovem discriminado socialmente.

Vimos um impacto real com este fundo [Google.org Innovation Fund] ao nível do Reino Unido e, agora, queremos alcançar ainda mais a nível europeu”, disse Kristie Canegallo.

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O GSEC é mais uma das infraestruturas da Google a nível mundial para promover e trabalhar a cibersegurança dos utilizadores. Esta terça-feira estão em Munique vários responsáveis da empresa, como Kent Walker, vice-presidente de assuntos Globais, ou Stephan Miklitz, diretor de engenharia. O objetivo é o de dar a conhecer a nova infraestrutura em território europeu.

A inauguração deste centro ocorre no início da campanha para o Parlamento Europeu, que vai acontecer entre 23 e 26 de maio. A Google, à semelhança do Facebook, tem recebido várias críticas por permitir a disseminação de fake news (notícias falsas) que têm como propósito interferir em eleições. A empresa tem divulgado, à semelhança da concorrente liderada por Mark Zuckerberg, várias medidas para mitigar os efeitos destes fenómenos, como centros de triagem de conteúdos nocivos e alterações à forma como se pode encontrar notícias através do motor de pesquisa da Google.

A Google tem estado debaixo de um forte escrutínio pelas práticas concorrenciais e de tratamento de dados com que opera na União Europeia. No último ano, a Comissão Europeia aplicou coimas de milhares de milhões de euros  à empresa norte-americana. Numa primeira sanção recorde em julho de 2018, a Google foi multada pela forma como utiliza a informação dos utilizadores para obter receitas.

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Noutro processo, em março, a Comissão voltou a sancionar a empresa pela forma como disponibilizou o Android, o sistema operativo móvel da Google, a algumas empresas de forma a incentivar que os utilizadores apenas utilizassem os programas informáticos da multinacional norte-americana nos smartphones.

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*O Observador está em Munique na inauguração do Centro Global de Engenharia de Segurança a convite da Google