Pedro Santana Lopes já teve alta do hospital de Coimbra depois do acidente que teve na quarta-feira, e deverá sair em breve do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), confirmou ao Observador fonte hospitalar. Confirmam-se assim as previsões feitas na manhã desta quinta-feira quando a mesma fonte do Gabinete de Comunicação do hospital  informou os jornalistas que o ex-primeiro ministro passara “bem a noite” e estava “bem disposto, mas com dores”. Na altura, faltava apenas fazer alguns exames médicos para a alta ser prescrita.

Em comunicado enviado ao Observador, o CHUC informa que Pedro Santana Lopes teve alta hospitalar pelas 14:30h para o domicílio. “Comunica-se, ainda, que dos traumatismos ocorridos na sequência do acidente de viação que sofreu ontem [quarta-feira], dia 15 de maio, não resultaram lesões médico-cirúrgicas significativas“.

Por “indicação médica”, foi-lhe recomendado um período de convalescença para “garantir a sua plena recuperação”.

O presidente do Aliança, Pedro Santana Lopes, e o cabeça de lista do partido às europeias, Paulo Sande, sofreram um acidente de carro na tarde desta quarta-feira ao quilómetro 136 da A1, no sentido Norte-Sul. Inicialmente, Santana ficou encarcerado, depois de o carro capotar várias vezes, mas foi libertado pelos bombeiros. Já Paulo Sande saiu do carro pelo próprio pé.

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Santana Lopes poderá ter sofrido um traumatismo torácico e o candidato às europeias um traumatismo craniano, segundo os médicos do INEM que os assistiram no local do acidente rodoviário, em declarações à Lusa. Só depois dos exames se poderão confirmar as suspeitas da equipa médica no local do acidente, de um eventual traumatismo torácico em Santana Lopes e um traumatismo craniano a Paulo Sande — que já teve alta entretanto.

À saída do hospital e com a camisa manchada de sangue, Paulo Sande disse aos jornalistas, pelas 22h15, que ele e Santana Lopes estiveram “a fazer exames”. “Despistaram tudo o possível e, aparentemente, está tudo bem”, afirmou, notando que “no final disto tudo, não passou de um grande susto”. Questionado sobre o que terá provocado o acidente, o candidato a eurodeputado admitiu que possa “ter sido fadiga“.

Hoje levantámo-nos às cinco da manhã nos Açores, e depois o dia inteiro de grande pressão que temos, sobretudo na sequência de muitos dias em que isto está a ser feito, este tipo de vida, este ritmo, esta pressão, acaba por gastar as pessoas, e é normal que tenha havido, é possível, mas não sei”, salientou.

Questionado pelos jornalistas, o candidato do partido admitiu que achou “estranho” o facto de os airbags “não terem disparado”. “É estranho [os airbags] não terem disparado. Talvez porque o carro saiu de lado, capotou de lado e portanto não houve um impacto frontal”, disse à saída do hospital.

O carro, um Lexus, onde seguiam Santana Lopes e Paulo Sande

Depois de aterrar no helicóptero, o político foi transportado de maca para uma ambulância não muito longe que o levou até à porta do hospital.

Apanhámos aqui um susto. O Pedro Santana Lopes ficou um bocado mais mal-tratado do que eu, mas à partida está tudo bem”, disse Paulo Sande ao Observador.

O candidato já tinha dito à agência Lusa que se encontra bem, mas que Santana Lopes foi imobilizado com um colar cervical, por se ter queixado de “dores no peito” e ter ligeiros ferimentos na cabeça. Fonte do INEM confirmou ao Observador que os dois feridos foram considerados leves e encontravam-se “conscientes e estáveis”.

O Aliança já emitiu um comunicado onde diz que “a situação clínica de ambos é estável e favorável”. Na nota, o Aliança confirma que a campanha encontra-se “suspensa, sendo retomada logo que o quadro clínico o permita”. O partido “continuará as ações previstas, aguardando que estes se juntem às mesmas, com redobradas forças, com a maior brevidade possível”.

No comunicado, o Aliança agradeceu “a atuação das equipas de socorro que estiveram no local, dos médicos e enfermeiros” as “inúmeras mensagens de todos os militantes, simpatizantes, amigos e representantes de outras forças políticas que, nesta hora, se unem em solidariedade no desejo de rápida recuperação”.

Paulo Sande seguia no automóvel com Santana Lopes (Foto: JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR)

O alerta foi dado às 17h14. A autoestrada não foi inicialmente interrompida uma vez que o carro ficou na berma, após o despiste, confirmou fonte do Comando Distrital de Operações de Socorro de Leiria ao Observador — mas a circulação teve que ser parada para as operações que envolveram o helicóptero enviado para o local.

Foi acionada uma Viatura Médica de Emergência e Reanimação do Centro Hospitalar de Coimbra, duas ambulâncias dos Bombeiros de Pombal e de Soure e um helicóptero de Santa Comba Dão. Foram também mobilizados elementos da GNR, que se encontra a apurar as causas do acidente — como é, aliás, procedimento habitual, confirmou fonte deste força policial ao Observador. Em declarações à CMTV no local, o capitão da GNR adiantou que ainda não são conhecidas as causas do acidente mas garantiu que em nada está relacionado com as obras que estavam em curso ali perto.

INEM faz esclarecimento depois de críticas a helitransporte de Santana

Entretanto, o Instituto Nacional de Emergência Médica emitiu um esclarecimento, no Facebook, na sequência da série de críticas de internautas que recebeu naquela rede social sobre o recurso ao helitransporte para um ferido considerado ligeiro.

Há quem pergunte, por exemplo, “quando foi a última vez que houve um helitransporte da A1, a menos de 20 km de um hospital central” e considere que “houve sim uma diferenciação tendo em conta quem era o ferido, e não o podem negar”. Há também quem peça a publicação do áudio da chamada de auxílio relativa ao acidente.

O INEM invoca motivos clínicos, recusando ter havido um tratamento especial por Santana Lopes.

“No local, as equipas médicas avaliaram e procederam à estabilização das vítimas. Em função da avaliação clínica realizada, uma das vítimas foi helitransportada para os Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC) com suspeita de traumatismo torácico, e a outra vítima foi transportada de Ambulância também para os HUC, com acompanhamento da Equipa Médica da VMER dos Covões, com suspeita de traumatismo craniano”, lê-se no esclarecimento do INEM.

O serviço público prestado 24/24 horas pelo INEM – cuidados de emergência médica pré-hospitalares – é universal, gratuito, e exige igualdade de tratamento para todos os cidadãos que se encontrem em território de Portugal Continental e que dele necessitem, independentemente da sua situação económica, social, cultural, das convicções filosóficas, religiosas ou políticas”.

Aliança cancela ações de campanha. João Ferreira deseja “recuperação pronta”

Na sequência do acidente, o Aliança decidiu cancelar todas as ações de campanha previstas para esta quarta-feira. Santana Lopes estava a participar na campanha do Aliança e falou às 14h30 na Casa Municipal da Cultura, em Coimbra, num workshop de tecnologias e profissões de futuro. Dirigia-se agora para Cascais, onde ia falar, às 18h30, Museu Conde Castro Guimarães, sobre “Portugal, a Europa e o Mar”, na conferência Eurotalks.

O cabeça de lista europeu da CDU, João Ferreira, teve conhecimento do acidente através de jornalistas, durante uma “arruada” no centro histórico de Évora. O candidato aproveitou para desejar uma “recuperação pronta”.

Estou a ter conhecimento disso. Espero que ninguém se tenha magoado. Se alguém se magoou, que tenha uma recuperação pronta”, afirmou João Ferreira.

André Ventura, o candidato pela coligação Basta, usou o Twitter para lembrar que a “política também envolve amizade, humanidade e respeito pelos adversários”. “Um forte abraço ao Pedro Santana Lopes e ao Paulo Sande neste dia difícil, com votos de rápidas melhoras!”, escreveu.

“Parece que tudo não passou de um susto”, escreveu Carlos Guimarães Pinto, presidente da Iniciativa Liberal, numa publicação no Twitter, onde mandou um abraço a Santana Lopes e a Paulo Sande.

O candidato pelo Livre, Rui Tavares, reagiu ao acidente no Twitter, que usou para mandar um “abraço” a Paulo Sande, Santana Lopes e à “campanha da Aliança”. “Há coisas mais importantes do que a competição eleitoral, e uma delas é que quem se empenha no contacto com os cidadãos o possa fazer são e salvo. É o que desejo a todos”, escreveu.

Na ação de campanha na tarde desta quarta-feira, Pedro Santana Lopes defendeu que os grandes partidos precisam de “um grande susto” e espera que os portugueses sejam capazes de abrir um novo ciclo porque “a política precisa de arejar”, conta a Renascença.

Também Paulo Sande falou aos apoiantes do Aliança que marcaram presença na Casa da Cultura de Coimbra para lamentar que os partidos não queiram discutir a coesão europeia, o desenvolvimento tecnológico e a recuperação a legitimidade democrática da União Europeia. “O problema é que, como ninguém quer discutir e nós temos dificuldade em fazer campanha como os outros, todos os dias, acabamos por ser uma voz a pregar não bem no deserto mas, neste caso, um pouco pelo país fora”, sustenta.

(atualizado às 14h40 com o comunicado que informa a alta hospitalar de Santana)