As Nações Unidas anunciaram esta sexta-feira que distribuíram cartões de identidade a mais de 250 mil refugiados rohingya no Bangladesh, que fugiram da violência em Myanmar (antiga Birmânia), país que não lhes reconhece a nacionalidade.
“Mais de um quarto de milhão de refugiados rohingya de Myanmar (Birmânia) foram registados e receberam cartões de identidade das autoridades do Bangladesh e do Alto Comissariado da ONU para os Refugiados”, avançou um porta-voz desta organização, Andrej Mahec, em conferência de imprensa.
Os cartões, que representam para muitos destes refugiados a primeira vez que têm um documento de identidade individual, permite-lhes regressar ao Myanmar assim que as condições estiverem reunidas.
Cerca de 740 mil rohingya, uma minoria muçulmana apátrida, fugiram de uma repressão militar brutal no Myanmar em 2017, tendo sido reunidos a mais cerca de 300 mil que já tinham escapado antes e foram instalados em campos de refugiados no Bangladesh.
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Muitos dos refugiados testemunharam violações em massa e massacres nas aldeias rohingya, tendo a missão de esclarecimento da ONU declarado, no seu último relatório, que há provas suficientes para considerar que houve um “genocídio”.
O Alto Comissariado da ONU para os Refugiados calcula que, atualmente, haja um total de 900 mil refugiados rohingyas naqueles campos, mas a ONU avança normalmente um número inferior ao das autoridades do Bangladesh e de outras organizações de ajuda humanitária.
Na sequência de um acordo com o Bangladesh, o Myanmar aceitou um regresso de refugiados, mas estes recusam-se a voltar ao país por temerem pela sua segurança e por preocupações ligadas à cidadania.
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O registo dos refugiados, lançado em junho de 2018, tem mantido um ritmo de cerca de 4.000 por dia. O Alto Comissariado espera terminar a operação até novembro.
Os cartões de identidade, distribuídos a todos os refugiados com idades superiores a 12 anos, contêm dados biométricos, scanners das íris, impressões digitais e fotografias. Estes cartões mencionam a identidade dos refugiados e o Myanmar como país de origem.
O processo deverá permitir também ao Bangladesh e aos seus parceiros humanitários compreender melhor as necessidades específicas da população refugiada e deverá ainda protegê-los de traficantes, explicou a ONU.