A catedral de Notre Dame, em Paris, está altamente instável e ventos superiores a 90 quilómetros por hora são o suficiente para derrubar as paredes da estrutura, enfraquecidas pelo incêndio de 15 de abril. Esta é a conclusão de um engenheiro mecânico da Universidade de Versalhes, relatada pelo jornal The Art Newspaper.

Paolo Vannucci, da Universidade de Versalhes, refere que, antes do incêndio, as paredes da catedral conseguiam suportar ventos de até 220 quilómetros por hora. Agora, as paredes correm o risco de colapsar com ventos de apenas 90 quilómetros por hora, pelo que peritos afirmam ser urgente reforçar toda a estrutura do monumento.

Ao mesmo tempo, as pedras através das quais a catedral se aguenta foram enfraquecidas pelo fogo e pela água utilizada no combate. A catedral está ainda a ser ameaçada pelos litros de água e chumbo derretido acumulados no telhado. O telhado de Notre Dame desempenha, por sua vez, uma parte essencial da estabilidade de todo o monumento.

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Depois do incêndio, vários arquitetos propuseram o restauro de cada um dos elementos da catedral gótica de forma separada. Contudo, e ao contrário do que se pensava inicialmente, a estabilidade da catedral depende de vários elementos que formam entre si todo um sistema. O peso da catedral é suportado não pelas paredes, como se verifica na arquitetura clássica, mas através de colunas interiores, suportes que ficam no exterior do monumento e uma espécie de “exoesqueleto”, que até agora nunca tinha sofrido danos.

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Fortalecer e restaurar o sistema estrutural de Notre Dame no seu todo deve ser, portanto, o objetivo principal no processo de reconstrução do monumento, refere o jornal. E, adianta, este reforço levará mais tempo do que o previsto inicialmente, quando o presidente francês anunciou que a reconstrução de Notre Dame estaria finalizada em apenas cinco anos. Para que seja possível substituir o telhado, as paredes têm de ser reforçadas e as abóbadas reconstruidas.

De acordo com Paolo Vannucci, a reconstrução da catedral gótica requer um projeto integrado para toda a estrutura e não a fragmentação ou reconstrução individual das diferentes partes do monumento. Cabe ao governo decidir se entrega o projeto de restauro a entidades francesas ou se será aberto um concurso para contratar arquitetos estrangeiros.

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O parlamento francês adoptou a 10 de maio legislação especial para a reconstrução de Notre Dame, que pode ser aprovada no senado a 27 de maio.

O incêndio que consumiu parte de Notre Dame terá sido acidental e começou no fim da tarde de 15 de abril, na zona do monumento que estava em obras. A torre central caiu e 2/3 do teto desabaram. Algumas das famílias mais ricas de França e grandes grupos empresariais contribuíram para criar um fundo de restauração, ao cuidado do governo francês, que conta já com 850 milhões de euros.

Notre Dame é um dos monumentos mais visitados do mundo e demorou 200 anos a ser construída, entre os anos de 1163 e 1345.