Nigel Farage voltou a consegui-lo. O político eurocético mais famoso do Reino Unido deverá ter vencido umas eleições Europeias pela segunda vez, de acordo com os resultados da primeira sondagem à boca das urnas. Em 2014, o UKIP de Farage venceu com quase 27% dos votos. Desta vez, o recém-criado Partido do Brexit chega aos 31,6%.

As primeiras previsões no Reino Unido deixam claro que os principais partidos estão em queda no palco europeu neste cenário pós-Brexit. Os trabalhistas do Labour perdem o segundo lugar, com apenas 14,1% dos votos — uma queda de 8% face às Europeias anteriores, deixando-se ultrapassar pelos Liberais-Democratas.

Os conservadores (ainda) liderados por Theresa May tiveram uma derrota histórica: 9%% dos votos, uma queda de 13% face a 2014 e uma mensagem clara do eleitorado de que está descontente com o processo de condução do Brexit. É o pior resultado de sempre da História do partido, em qualquer tipo de eleição, como confirmado pelo próprio eurodeputado Daniel Hannan: “Acho que foi pior do que 1832”, assumiu à BBC. “Este é o nosso pior resultado de sempre. Não é preciso ser um especialista em sondagens para perceber porquê.”

Os Lib-Dems, com 20% dos votos, são a segunda força eleitoral, consolidando a derrota dos dois grandes partidos da política britânica. Em queda desde que se aliaram ao governo de David Cameron, e à beira de eleger um novo líder (Vince Cable está de saída), os liberais voltam agora a recuperar terreno. O resultado deste domingo contrasta com os 6,6% que tiveram em 2014 e, sobretudo, com os 1.8% dos votos que tiveram nas últimas eleições legislativas, há apenas dois anos.

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O resultado foi recebido com alegria pelo Partido do Brexit. “No final de contas, isto é o que os eleitores querem. Ou os partidos Conservador e Trabalhista nos levam ao Brexit, ou vão ser substituídos. É tão simples como isso”, declarou Nigel Farage no seu discurso de vitória.

Questionado sobre se estava disponível para colaborar com um eurocético como primeiro-ministro, como por exemplo Boris Johnson, Farage garantiu que sim. “Trabalharei com qualquer pessoa que queira atingir o Brexit”, acrescentou.

Os resultados ilustram a divisão que atravessa a sociedade britânica: apesar de o Partido do Brexit ter tido a maioria dos votos, as forças pró-referendo (Lib-Dems, Verdes e Change UK) reúnem quase 40% dos votos.