Na reta final de uma autêntica maratona eleitoral, que levou a maioria dos espanhóis a votar em quatro eleições em apenas um mês, o resultado das europeias veio confirmar aquilo que já tinha sido fixado nas legislativas: o PSOE saiu por cima, com 32,8%. Mais à esquerda, o Unidas Podemos ficou em quarto lugar, com 10,05%. Enquanto isso, a direita, fragmentada em três forças políticas, fica com o segundo (PP), terceiro (Ciudadanos) e quinto lugar (Vox).

Além de vencer nas eleições europeias, o PSOE de Pedro Sánchez venceu, também em larga escala, nas eleições autárquicas e também nas autonómicas.

Espanha termina este domingo uma autêntica maratona eleitoral: depois das legislativas de abril, no domingo votou-se para as europeias, autonómicas e autárquicas. E, em todas estas, o PSOE saiu em larga escala como vencedor. “O PSOE fica confirmado como sendo de longe a primeira força política no sistema político espanhol. Ganhámos as eleições municipais, ganhámos as europeias e na maior parte das comunidades autónomas vamos ser de longe a primeira força política. Ou seja, o espanhóis concordam com o diagnóstico, a análise e as receitas do PSOE”, disse Pedro Sánchez.

O Presidente de Governo em funções, que terá agora pela frente as negociações para formar govenro com base no resultado das eleições de abril, deixou ainda um recado ao PP e ao Ciudadanos, exigindo-lhes que não dêem a mão ao Vox nas comunidades autónomas onde podem vir a fazê-lo — repetindo, dessa forma, a solução que encontraram para formar um governo regional na Andaluzia.

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“Onde o PSOE não puder governar, mesmo sendo a primeira força política, será porque o PP e o Ciudadanos entraram em acordos com a ultra-direita”, disse, em alusão ao Vox, partido do qual raramente diz o nome. “Por isso, a mensagem nos três níveis — europeu, autonómico e autárquico — é de avançar, não recuar e não apoiar um governo com uma força política como é a ultra-direita. Essa responsabilidade cabe ao Ciudadanos e ao PP”, disse. E depois fez alusão às famílias políticas de cada um daqueles partidos, respetivamente: “Os partidos liberais e conservadores da Europa não vão compreender essa decisão”.

Fica então confirmada em Espanha a realidade política que já tinha ficado expressa nas eleições legislativas: o PSOE é o maior partido de Espanha, mas não ao ponto de poder firmar, por si só, um momento de hegemonia política. Para aí chegar, precisará sempre de alguma muleta — seja à esquerda, seja à direita.

Este domingo à tarde, em frente à sede do PSOE, os militantes e apoiantes daquele partido, já gritavam ao início da tarde: “Com Rivera não”. Esta foi uma das palavras de ordem que mais marcou a noite eleitoral de 28 de abril e agora volta a ser ouvida. Não é por acaso. É que, agora que termina a maratona eleitoral em Espanha, chegou a altura de Pedro Sánchez levar para a frente as negociações que terá inevitavelmente de fazer para conseguir um novo mandato.

Puigdemont e Junqueras eleitos para Bruxelas, mas com caminho improvável para o Parlamento Europeu

Tanto o ex-presidente do governo regional da Catalunha, Carles Puigdemont, como o seu ex-número dois, Oriol Junqueras, foram eleitos deputados para o próximo Parlamento Europeu.

Carles Puigdemont é cabeça de lista do Juntos Pela Catalunha e Oriol Junqueras é o número um do Ahora Repúblicas (que terá tido quase 6%). O JpC elege dois deputados e o Ahora República elege três.

Isto não quer dizer, porém, que todos consigam vir a ser deputados.

Carles Puigdemont está na Bélgica, país para onde fugiu num movimento de auto-exílio após a declaração unilateral da independência da Catalunha, no final de outubro de 2017. Carles Puigdemont tem neste momento uma ordem de detenção em Espanha. Em teoria, Carles Puigdemont pode vir a ser eurodeputado — mas para sê-lo terá de viajar a Espanha, para recolher oficialmente o seu mandato de eurodeputado. Ora, se Carles Puigdemont viajar para Espanha, o mais provável é que seja detido e colocado em prisão preventiva — o que o impediria, na prática, de viajar para Bruxelas e assumir o seu lugar de deputado.

Oriol Junqueras está preso preventivamente, e assim estará pelo menos até ser conhecida sentença do julgamento do procès. Esta condição também deverá ser um impedimento para que Oriol Junqueras seja deputado no Parlamento Europeu. Recorde-se que ainda nesta semana o independentista catalão saiu da prisão para assumir o seu mandato no Congresso dos Deputado, para o qual foi eleito a 28 de abril. Porém, dias depois, após votação daquela câmara, e com os votos favoráveis do PSOE, PP e Ciudadanos, o seu mandato foi suspenso.

PP segura Comunidade de Madrid (se negociar com o Vox) e ganha a câmara

Em Espanha, ao contrário do que se está a passar na maior parte dos países europeus, nem todas as atenções estão concentradas no Parlamento Europeu — afinal de contas, também se vota este domingo para as eleições autonómicas de nove regiões e as autárquicas em todo país.

Uma das autonomias a merecer mais atenção é a Comunidade de Madrid. Ali, o PP vence e governa desde 1991 — e, nestas eleições, chegou a pensar-se que o controlo da autonomia que inclui a capital podia fugir das mãos da direita. Porém, no final de contas, numa contagem quase até à última, os conservadores do PP saíram em posição de continuar a governar, desta vez com o apoio do Ciudadanos e do Vox. Ao PSOE, de nada lhe valerá ser o primeiro classificado na Comunidade de Madrid se a direita replicar ali o que já fez para governar na Andaluzia.

Também a Câmara de Madrid, que em 2015 passou a ser governada por Manuela Carmena, autarca então apoiada pelo Podemos, deve passar agora para a direita. A coligação Más Madrid, de Manuel Carmena, ficou em primeiro com 30% — mas somados os deputados municipais da direita, com o PP à cabeça, será possível repetir a solução andaluza também na câmara de Madrid.

Em Barcelona, a câmara municipal também vai ter uma mudança de liderança, após a derrota do Barcelona em Comum, da atual autarca, Ada Colau — ficou em segundo lugar, com apenas 20%. À frente, ficaram agora os independentistas da Esquerda Republicana da Catalunha (21%). Ainda na ala independentista, o Junts ficou com 10% dos votos. Entre os unionistas, o PSC ficou cm 18%, o Ciudadanos (que concorria com o ex-primeiro-ministro francês, Manuel Valls, como cabeça de lista) tem 13% e o PP fica-se apenas pelos 5%.

Resultados finais das eleições europeias (Espanha)

PSOE – 32,8%
PP – 20,1%
Ciudadanos – 12,8%
Unidas Podemos – 10%
Vox – 6,2%
Ahora Repúblicas – 5,6%
Lliures – 4,6