A vitória com 34,9% dos votos na eleições europeias — quase oito pontos percentuais a mais do que em 2014 — não foi o suficiente para o chanceler austríaco Sebastian Kurz manter o poder, avança o ABC. Esta segunda-feira, o parlamento aprovou uma moção de censura ao governo e o líder do país vai demitir-se esta tarde às 18h30.
Kurz, atualmente com 32 anos, estava no poder desde de 2017. Por detrás desta moção de censura está o escândalo “Ibizagate”, um vídeo gravado com câmaras ocultas de 2017, na ilha espanhola de Ibiza, divulgado a 17 de maio. Nesta gravação é possível ver membros do partido de coligação, o FPÖ, do antigo governo a prometer a adjudicação de contratos públicos em troca de apoio financeiro russo.
O caso levou à demissão dos membros do partido nacionalista FPÖ, que estava em coligação com o partido de Kurz, o ÖVP. O FPÖ foi um dos partidos que votou a favor da moção de censura criticando a gestão de Kurz depois de este ter-se tornado público. O antigo líder do partido nacionalista, Heinz-Christian Strache, que aparece no vídeo e foi uma das que saiu do governo, afirmou que era “compreensível e lógico” exigir que Kurz saísse.
Na sequência do caos político que o vídeo criou, Kurz ainda tentou criar um governo de transição até setembro, altura em que poderiam existir novas eleições. Contudo, com o fim coligação entre o partido que lidera e os nacionalistas, o parlamento afirmou, pela voz de Pamela Rendi-Wagner, líder do partido socialista austríaco: “Tem de ganhar a confiança [do parlamento]”. Os partidos da oposição afirmam que o ÖVP não trabalhou com o parlamento.
O antigo chanceler tinha escolhido o governo interino com o apoio do presidente independente Alexander van der Bellen. O chefe de estado vai agora ter de escolher um novo chanceler interino que vai governar até às eleições em setembro.
Com a moção de censura, Sebastian Kurz tornou-se o primeiro líder de um governo austríaco a ser removido do cargo desde que a segunda República Austríaca foi fundada após a II Guerra Mundial.
*Em atualização