Uma equipa internacional, liderada pelo Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço, descobriu, nos dois primeiros meses de operações científicas do telescópio espacial TESS, cinco estrelas “raras”, foi esta quarta-feira anunciado.
Em comunicado, o Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA) adianta que a descoberta, aceite para publicação na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, recorreu a “técnicas asterossísmicas”, um método que observa as oscilações à superfície das estrelas.
“Entre 32 mil estrelas observadas em cadência curta, nos primeiros dois meses de operações científicas da missão espacial TESS (…) a equipa descobriu cinco raras estrelas ‘roAp'”, afirma o IA. O instituto afirma que “duas” das cinco estrelas são “particularmente desafiadoras”, isto porque uma “é menos quente do que a teoria prevê” e outra “oscila com uma frequência inesperadamente alta”.
As estrelas ‘roAp’ (estrelas de oscilação rápida), são “objetos estelares raros” e constituem um subgrupo de estrelas magnéticas (estrelas Ap) cujos campos magnéticos são fortes e oscilam com frequências semelhantes às observadas no Sol. Além das cinco estrelas ‘roAp’, a equipa de investigadores encontrou, ao longo das operações científicas, “o mais rápido oscilador ‘roAp'”, que completa uma pulsação a cada 4,7 segundos.
Citada no comunicado, Margarida Cunha, a primeira autora do artigo acrescenta que os dados recolhidos mostram que “as estrelas ‘roAp’ são raríssimas”, uma vez que representam menos de 1% de todas as estrelas com temperaturas semelhantes.
A importância desta descoberta reside no facto de elas serem autênticos laboratórios estelares. Permite-nos testar teorias relativas a fenómenos físicos fundamentais no contexto da evolução das estrelas, tais como a difusão de elementos químicos e a sua interação com campos magnéticos intensos”, adianta Margarida Cunha.
De acordo com o IA, durante uma análise detalhada de 80 estrelas conhecidas por serem “quimicamente peculiares”, os investigadores descobriram ainda 27 “novas” variáveis rotacionais ‘Ap’, onde o brilho das estrelas varia de acordo com as suas rotações.
Também citado no comunicado, Daniel Holdsworth, do Instituto Jeremiah Horrocks da Universidade de Central Lancashire, no Reino Unido, acredita que estas observações vão permitir “estudar este tipo raro de estrelas de uma forma homogénea” “Podemos finalmente comparar cada estrela com as restantes, sem precisar de tratar os dados de uma forma especial. Com a continuação da missão TESS, que irá fazer uma cobertura quase total do céu, teremos a capacidade de descobrir muitas mais estrelas peculiares”, aponta.
O IA conclui afirmando que estes resultados só foram possíveis porque o telescópio TESS (Transiting Exoplanet Survey Satellite, Satélite de Rastreio de Trânsito de Exoplanetas), “observa continuamente as estrelas por períodos de pelo menos 27 dias e sem a interferência da atmosfera da Terra, algo que não é possível aos observatórios à superfície do nosso planeta”.