O YouTube anunciou esta quarta-feira que vai proibir e eliminar vídeos que discriminem alguém pela sua idade, raça, cor de pele, religião ou orientação sexual. O anúncio foi feito através de um post oficial no blog do YouTube. A censura será feita a nível mundial em todos os países que têm o YouTube e pode contribuir para eliminar canais que promovam tipos de supremacia, homofobia ou até o nazismo.
Temos prestado atenção à forma como abordamos conteúdo que dissemina ódio com a ajuda de dezenas de peritos. Analisamos extremismo violento, supremacismo, direitos cívicos e discurso livre. Com base no que aprendemos, estamos a fazer várias atualizações”, anunciou o YouTube.
A plataforma informou que vai eliminar por exemplo vídeos que neguem a existência de eventos documentados e comprovados, como o Holocausto, ou os massacres em escolas norte-americanas — como o tiroteio na escola de Sandy Hook, em 2012. Alguns canais conservadores defendem, por exemplo, que este tiroteio foi fingido e não passou de uma encenação para pressionar o fim do uso livre de armas nos Estados Unidos.
O YouTube não fornece mais detalhes sobre a “operação” nem dá exemplos concretos de canais que serão eliminados. A empresa adianta, no entanto, outra medida: será limitada a recomendação de vídeos que o YouTube considera estarem “no limite” destas novas regras e contribuam para o que aquela plataforma tecnológica classifica como “desinformação prejudicial”. São exemplos disso mesmo os vídeos que promovem “curas milagrosas absurdas” para doentes graves ou conteúdos cujos autores afirmam que a Terra é plana. O objetivo passa por evitar que o algoritmo da plataforma destaque estes vídeos nas recomendações dadas aos utilizadores.
Esta limitação já está ativa nos Estados Unidos e as visualizações destes conteúdos diminuíram 50% em resultado das novas regras, lê-se no post. O YouTube quer alargar estas novas regras a mais países até ao fim do ano. “Vai demorar até os nossos sistemas arrancarem totalmente e vamos alargar a nossa cobertura gradualmente nos próximos meses”, avisa a plataforma.
A plataforma diz também que vai recomendar, em substituição de conteúdos considerados impróprios, vídeos de fontes de referência. “Por exemplo, se um utilizador estiver a ver um vídeo que está próximo de violar as nossas políticas, os nossos sistemas vão incluir mais vídeos de fontes de referência” como conteúdos de meios de comunicação social de referência “no painel dos recomendados”, explica a empresa.
A empresa já apagou, por exemplo, vídeos de discursos políticos adulterados por grupos da oposição. Em maio, foi publicado num canal conservador do YouTube um vídeo que distorceu o discurso da democrata Nancy Pelosi, opositora de Donald Trump. O vídeo foi eliminado depois de atingir 28 milhões de visualizações.
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O YouTube adianta ainda que os canais disseminadores de conteúdos discriminatórios vão ser proibidos de receberem dinheiro proveniente de publicidade.
Estamos determinados a assumir os passos necessários para cumprir esta responsabilidade hoje, amanhã e nos anos que estão por vir”, assume o YouTube.