O Mediterrâneo continua a ser o mar mais poluído do planeta. A certeza é dada por um biólogo espanhol que há mais de 30 anos estuda o impacto da ação do homem na qualidade das águas mediterrânicas. Num documentário feito para o National Geographic — “Salvemos o nosso Mediterrâneo” —, Manu San Félix centra o seu trabalho na exploração dos fundos marinhos da costa espanhola, numa viagem que parte da ilha de Formentera. E garante que aquele lugar tornou-se um dos mais ameaçados pela poluição.

Mais de 134 espécies estão contaminadas pela ingestão de plástico no Mediterrâneo, que já é o mar mais contaminado do mundo, mesmo que não tenhamos consciência de tudo o que temos perdido”, diz.

Ainda assim, assegura, há tempo para agir. Citado pelo La Vanguardia, o biólogo diz que “estamos a tempo de salvar o Mediterrâneo”, mas “é agora ou nunca”. Várias organizações — como a ONU — e instituições governamentais têm em marcha programas e campanhas para tentar travar o problema.

É possível devolver-se o Mediterrâneo ao estado em que estava há 80 anos, como uma espécie de máquina do tempo para devolver-lhe a vitalidade”, garante Manu San Félix.

Este sábado, 8 de junho, o Dia Mundial dos Oceanos é assinalado no meio de um intenso debate sobre o impacto do homem na qualidade da vida nos oceanos, sobretudo por causa de décadas de uso plástico considerado excessivo. As Nações Unidas estimam que, todos os anos, 13 milhões de toneladas de plástico vão parar aos oceanos, provocando a morte de 100 mil espécies marinhas.

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No caso do Mediterrâneo, o maior problema são os microplásticos — pedaços muito, muito pequenos, difíceis de detetar e que resultam da fragmentação de pedaços maiores, em contacto com a força das ondas. A organização ambientalista Greenpeace diz que “entre 21% e 45% de todas as partículas de de microplásticos” estão naquele mar.

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O problema não é novo. Ainda esta semana, a World Wide Fund dor Nature (WWF) criticava, num relatório, o fracasso dos países mediterrânicos na questão dos resíduos plásticos. Segundo os números desta organização, o ritmo a que a poluição daquele mar está a aumentar traduz-se numa imagem simples: é como se, a cada minuto, fossem despejadas 33.800 garrafas de plástico no Mediterrâneo. E o problema pode ganhar dimensões ainda maiores. A WWF diz que “a poluição por plástico continuará a crescer”, podendo até quadruplicar nos próximos 30 anos.

Segundo o relatório, entre os litorais mais contaminados na costa mediterrânica estão vários destinos turísticos: Barcelona e Valência, em Espanha; Telavive, em Israel; Marselha, em França; ou Veneza, em Itália.

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