A nova série da HBO, Chernobyl, baseada no pior desastre nuclear da história, tem feito sucesso um pouco por todo o mundo. Por isso, desde a sua estreia, em maio, o turismo no local verificou um aumento de 40%, segundo os dados enviados por uma agência de turismo à Reuters. Mas também originou uma nova moda: os visitantes não perdem a oportunidade para tirar fotografias que são, depois, publicadas em redes sociais como o Instagram — e a maioria das pessoas não mostra qualquer preocupação em relação à radiação ainda presente.

A cidade de Pripyat, hoje um autêntico cenário quase pós-apocalíptico, com edifícios antigos, parques abandonados e uma destruição visível, é o local mais utilizado nas fotografias publicadas no Instagram. Julia Baessler tem mais de 300 mil seguidores e é uma das utilizadoras que recentemente têm vindo a divulgar uma série de fotografias, onde surge dentro de vários edifícios velhos e em contacto com móveis e outros objetos.

https://www.instagram.com/p/ByM6rEvC-lf/

A publicação das fotografias gerou, de imediato, uma divisão nos comentários. Por um lado, a influencer foi acusada de estar a ser irresponsável ao colocar-se em contacto com a radiação ainda existente — “As pessoas vão para lá com fatos especiais e tu não tens medo?”, lê-se num dos comentários. Por outro lado, há quem aplauda o trabalho da jovem e as histórias que foi contando com as suas fotografias. “Olhar para a cidade abandonada e cheia de mato de Pripyat é verdadeiramente uma experiência sobrenatural, é como se todos na Terra tivessem morrido há muito tempo e tu és o único que, de alguma forma, sobreviveu”, escreveu Baessler na legenda de uma das fotografias.

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Chernobyl, na Ucrânia, sempre foi um local turístico para os mais curiosos e interessados por aventuras perigosas, mas foi a partir da transmissão da série que o local se tornou ainda mais visitado. As visitas turísticas feitas ao local incluem o bunker onde a decisão das autoridades em não evacuar a cidade foi tomada. Também durante estas visitas os participantes entram no Reactor 4 e podem também andar pela cidade e comer num restaurante local de Chernobyl.

https://www.instagram.com/p/ByVPFJhFGCI/?utm_source=ig_embed

“Muitas pessoas vêm cá, perguntam muita coisa sobre a série, sobre todos os eventos. As pessoas estão a ficar cada vez mais curiosas“, referiu Viktoria Brozhko, uma guia turística que garante que as visitas ao local são seguras. “Durante a visita inteira à zona de exclusão de Chernobyl, as pessoas andam com dois sieverts [unidade de medida do efeito da radiação], o que equivale à quantidade de radiação a que estamos expostos se ficarmos em casa durante 24 horas”, sublinhou, citada pela Mashable.

Os visitantes têm de cumprir algumas regras, como não tocar no chão, nas paredes, em animais ou outros objetos, de forma de garantir a sua segurança. Mas aquilo que se vê nas fotografias publicadas nas redes sociais mostra que nem todos cumprem estas normas.

https://www.instagram.com/p/ByVIDt_n0Xz/

A 26 de abril de 1986, às 1h23, o reator número quatro da central a cerca de 100 quilómetros a norte de Kiev explodiu num teste de segurança e o combustível nuclear ficou a queimar-se durante dez dias, lançando para a atmosfera elementos radioativos que terão contaminado, segundo algumas estimativas, até três quartos da Europa.

No total, cerca de 350 mil pessoas foram retiradas ao longo de anos de um perímetro de 30 quilómetros em redor da central. O balanço humano da catástrofe ainda hoje é controverso, com estimativas que vão de trinta a 100 mil mortos.

Trinta e dois anos depois do acidente, Chernobyl é centro turístico em crescimento