O ministro da Defesa apontou esta sexta-feira como desafios do Instituto de Defesa Nacional, dirigido a partir desta sexta-feira pela professora Helena Carreiras, o reforço da capacidade de investigação e levar as matérias de Defesa a novos públicos.

“Sabemos que os desafios são significativos, seja na renovação da comunicação pública do IDN, seja no reforço da sua capacidade de investigação aplicada, seja da capacidade de levar a Defesa Nacional a novos públicos”, afirmou João Gomes Cravinho, no seu discurso após dar posse à professora universitária, especializada em sociologia militar, Helena Carreiras, como diretora do Instituto de Defesa Nacional.

Questionado pela Lusa no final da cerimónia, que decorreu no Ministério da Defesa, em Lisboa, João Gomes Cravinho recusou comentar a constituição como arguido do seu antecessor no cargo José Azeredo Lopes no âmbito da investigação ao caso de Tancos. “Não tenho nada a dizer”, respondeu.

Helena Carreiras é a primeira mulher a assumir o cargo na história do IDN e sucede ao general Vitor Viana, para um mandato de cinco anos.

Na sua intervenção, João Gomes Cravinho considerou que, “sendo a primeira mulher a dirigir o IDN, é também certamente uma das pessoas mais qualificadas a assumir esta posição” que exigirá “recursos e visão, diálogo e também recursos materiais”.

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“É com enorme prazer que, ao dar posse à professora Helena Carreiras, reforço a presença de mulheres de reconhecida competência em cargos de direção superior nas estruturas do Ministério da Defesa Nacional”, declarou.

Entre os temas que espera ver estudados pelo IDN para “apoio à decisão” política, Cravinho identificou a “necessária revisão, a breve trecho” do Conceito Estratégico de Defesa Nacional e a “preparação do contributo português para a revisão do Conceito Estratégico da NATO”.

Por outro lado, o ministro defendeu que é “urgente desenvolver uma Estratégia Nacional de Ciberdefesa, que oriente politicamente as diferentes iniciativas operacionais já em curso” e abordar os “desafios inerentes às alterações climáticas”, para além dos problemas do recrutamento e profissionalização das Forças Armadas.

Questionada pela Lusa, Helena Carreiras assumiu a “dimensão simbólica” do facto de ser a primeira mulher no cargo num meio em que historicamente as posições de topo são preenchidas por homens.

“Fico contente se puder contribuir para uma mudança nesse plano também. Este é um meio onde essa presença [das mulheres] ainda é mais rara e difícil por ter sido durante séculos um mundo e um meio muito masculinizado”, declarou.

A investigadora considerou que “as coisas estão a mudar” e que, cada vez mais, “a apreciação é que o meio” não tem de ser masculino porque “os problemas e questões que se colocam à Defesa e à Segurança Nacional são de todos os cidadãos”.

Quanto ao trabalho que espera realizar na direção do IDN, Helena Carreiras apontou a necessidade de intensificar a “dimensão da investigação” e de parcerias com outras instituições para a “produção de pensamento estratégico”.

Classificando o IDN como “um lugar único” e “singular em Portugal”, Helena Carreiras afirmou que irá “continuar o trabalho com as escolas” para a divulgação de uma cultura de Defesa e, como terceira prioridade, a internacionalização através de ligações a instituições congéneres no estrangeiro.