O BE questionou o Governo sobre a intenção de fazer cortes orçamentais na agência Lusa, tema que “parece ter provocado divisões” entre os ministérios da Cultura e das Finanças, avisando que ficará em causa “a qualidade de serviço” prestado.
Numa pergunta datada de quarta-feira, o deputado do BE Luís Monteiro questiona, através do parlamento, o Ministério da Cultura, liderado por Graça Fonseca, sobre os cortes orçamentais na agência Lusa.
“Chegou ao conhecimento do grupo parlamentar do Bloco de Esquerda a intenção de corte de 600 mil euros no orçamento da Agência Lusa. Este corte seria supostamente feito numa rúbrica de contratação de serviços externos, no entanto, dada a existência de relações precárias, estes cortes podem afetar salários e implicar despedimentos”, refere a pergunta.
Estes cortes, na perspetiva do BE, “seguramente irão por em causa a qualidade de serviço praticada pela Lusa”, nomeadamente “a possibilidade de cobertura nacional”. “Havendo eleições legislativas próximas, isso pode por inclusivamente em causa o pluralismo da cobertura noticiosa dessas eleições”, alerta.
Segundo a mesma pergunta, “este corte parece ter provocado divisões entre Ministério da Cultura e Ministério das Finanças, no seio da administração da Lusa”, com a tutela de Graça Fonseca a posicionar-se “de forma desfavorável aos cortes”.
Os bloquistas questionam assim se “o Governo tem conhecimento desta situação” e se “considera que com estes cortes é possível assegurar que não se procederão a despedimentos na Agência Lusa”.
“Considera que apesar dos cortes é possível manter a qualidade do serviço noticioso”, pergunta ainda.
O BE quer ainda saber se se “pretende reverter esses cortes, seguindo a posição do Ministério da Cultura”.
Na semana passada, a Comissão de Trabalhadores (CT) da Lusa alertou, em comunicado, para que a cobertura das eleições legislativas pode ficar comprometida se o Governo avançar com os cortes orçamentais que pretende na agência.
Uma cobertura aquém do desejável da campanha eleitoral seria uma das consequências dos mencionados cortes, que também poderiam ameaçar “postos de trabalho de jornalistas que trabalham com a agência há anos, ainda que com vínculo precário”, apontou a CT.
À eventualidade daqueles cortes orçamentais, a comissão acrescentou que o Estado deve à Agência 300 mil euros.
No seu comunicado, intitulado “Governo exige cortes na Lusa penalizando jornalismo”, a CT recordou que a assembleia-geral da empresa para votação do plano de atividades e orçamento para 2019 foi “adiada pela terceira vez em 29 de maio”, com nova reunião marcada para 19 de julho.