Causam dívidas, roubam tempo, levam ao insucesso escolar ou laboral e a separações conjugais. Os jogos online estão a crescer em Portugal: de apostas desportivas a jogos de fortuna, são várias as opções. Mas está também a aumentar o número de portugueses viciados que pedem para serem impedidos de aceder a estes autênticos casinos virtuais.

Num só ano, o número de pedidos de autoexclusão (jogadores que apelam para que o acesso a estes jogos lhes seja barrado) aumentou em 70%, de 21 mil para 35 mil pedidos. Os números constam no relatório do Serviço de Regulação e e Inspeção de Jogos, citado pelo Jornal de Notícias.

Há em Portugal 1.3 milhões de jogadores registados (só no primeiro trimestre de 2019 inscreveram-se mais de 125 mil portugueses, face aos 89 mil de 2018) e dez entidades com a devida licença para explorar jogos online. Cerca de 50 milhões de euros foi quanto estas plataformas lucraram até junho deste ano, de acordo com o mesmo jornal.

Jovens têm mais problemas associados ao uso da internet do que ao álcool ou drogas

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O fenómeno é bastante recente e a sua popularidade explica-se pela facilidade de acesso ao online e à maior preponderância que têm hoje os telemóveis, tabletes e computadores. Em sentido inverso, os “verdadeiros” casinos têm vindo a lucrar cada vez menos. 

Qual o perfil do jogador online? O psicólogo e coordenador do Instituto e Apoio ao Jogador, Pedro Hubert, explica ao JN que se tratam de jovens entre os 18 e os 30 anos, com estudos e com tendência para adições.

As apostas desportivas — com especial incidência no futebol — são as mais comuns. Mas há também viciados em roletas, máquinas e póquer.

O vício destes jogos é semelhante ao vício causado por drogas ou álcool. O Jornal de Notícias relata o caso de um jogador — hoje reabilitado — que chegou a deixar de dormir, comer e tomar banho para passar os dias a jogar.

Há tratamento para este vício. Ainda de acordo com o JN, 108 portugueses estão a ser acompanhados e até junho deste ano 50 jogadores pediram ajuda pela primeira vez. O problema é que, em Portugal, há poucos psicólogos e psiquiatras especializados neste assunto e os utentes são encaminhados para centros de resposta integrada.