“Imagina o quanto o Diego está louco para fazer um golo aqui?”. Os comentadores do Corinthians-Flamengo estavam animados com o jogo também por influência da derrota do Palmeiras que abria a possibilidade de haver uma aproximação de outras equipas ao topo da mas não esqueciam também o que se tinha passado no aeroporto na véspera e no próprio aquecimento para a partida deste domingo. Quando se fala de “cobrança”, o Brasil e a Argentina surgem como líderes nesse capítulo.

Três jogos depois, a primeira manif: Jesus sai do autocarro para falar com adeptos em protesto no aeroporto

Jorge Jesus, que leva um mês de Flamengo, fizera apenas três jogos oficiais pelo conjunto do Rio de Janeiro, empatando fora e em casa com o Athletico Paranaense nos quartos da Taça do Brasil e goleando no Maracanã o Goiás por 6-1 para o Campeonato. Na chegada ao Aeroporto Internacional Tom Jobim, dezenas de adeptos insatisfeitos pela derrota nas grandes penalidades na Taça foram protestar com os jogadores, tentaram mesmo invadir a zona de embarque e Jorge Jesus saiu mesmo do autocarro para tentar acalmar os adeptos que tinham como alvo específico o capitão de equipa, Diego, antigo jogador do FC Porto.

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“Quero de volta o meu Flamengo vencedor”, “Libertadores já virou obrigação”, “Time [Equipa] mimado” ou “Não queremos dinheiro, queremos títulos” foram algumas das frases que se ouviram antes da entrada de toda a comitiva para a viagem rumo a São Paulo mas, ainda antes de chegar à zona de embarque, Diego respondeu de forma expansiva às criticas feitas pelos adeptos do Flamengo, sendo depois acalmado por alguns companheiros e elementos do staff. Também por isso, o número 10 tinha concentrados em si todos os holofotes e, após um remate desenquadrado no aquecimento, sentiu alguns adeptos visitantes a “pegar no pé”. O jogo começou e foi da fantasia do capitão que nasceu a primeira oportunidade, com defesa de Cássio (3′).

Canetas, golos e passes de três dedos: show de bola do Flamengo na estreia de Jesus no Campeonato (6-1)

O Corinthians começou a partir desse momento a reagir e teve também um remate perigoso por Pedrinho de fora da área para defesa segura de Diego Alves ainda nos dez minutos iniciais do encontro. Depois, e até ao intervalo, algumas chances mas todas de bola parada, ou através de livres laterais ou no seguimento de cantos. O Flamengo procurava jogar em posse para entrar no último terço da formação de São Paulo, enquanto os visitantes estavam sempre atentos à possibilidade de saída em transição para encontrarem brechas na defesa contrária. Entre os poucos lances de perigo, o nulo era inevitável para lançar a segunda parte.

O Corinthians entrou de outra forma, tentando chamar a si mais posse do que nos 45 minutos iniciais, o Flamengo tentou reagir ainda que jogando muito a meio-campo e seriam mesmo os visitados a inaugurar o marcador numa saída rápida que passou por Pedrinho, Fagner e Vagner Love até o avançado ser derrubado na área por Berrio, que tinha substituído o lesionado Vitinho ao intervalo. Clayson não perdoou de grande penalidade e fez o 1-0 aos 62′, mudando por completo as características do jogo e deixando Jorge Jesus ainda mais expressivo fora da zona técnica apesar dos constantes avisos do quarto árbitro.

Apesar das substituições e do jogo mais direto, o Flamengo não conseguia criar grandes oportunidades junto à baliza de Cássio até ao canto que viria a mudar o encontro: Willian Arão teve um primeiro cabeceamento, o guarda-redes do Corinthians não conseguiu agarrar, Gabriel Barbosa marcou na recarga, o golo foi anulado mas, após quase seis minutos de consulta como VAR, o lance acabou por ser validado (90′) e o conjunto do Rio de Janeiro evitou a primeira derrota na era Jorge Jesus, que terminaria com a equipa reduzida a dez por expulsão de Berrio (90+2′). E com Gabigol no lance, o jogador que o técnico quis levar para o Sporting e foi parar ao Benfica e que marcou em todos os encontros orientados pelo português até ao momento.

“Temos vindo a melhorar de jogo para jogo e hoje, depois de estar a perder por 1-0, não era fácil arrancar qualquer coisa e conquistámos um ponto”, comentou Jorge Jesus logo após o encontro que permitiu ao Flamengo passar a somar 21 pontos no Campeonato, a cinco dos líderes Palmeiras (que perdeu) e Santos. “Sou a favor do VAR, mas há que começar a ouvir as pessoas do futebol, principalmente, os treinadores. Não se pode parar um jogo tanto tempo, quebra muita coisa”, acrescentou o treinador português, que assumiu o défice físico de alguns jogadores para o qual tentará “encontrar soluções”.